Patriarca pede purificação da Igreja:D. José Policarpo alerta contra transformação
do sacerdócio ministerial em «poder» e pede fidelidade à Palavra
(9/4/2009) D. José Policarpo deixou esta Quinta-feira Santa vários alertas, numa
celebração com o clero de Lisboa, admitindo que “temos de purificar tanta coisa na
Igreja real que somos, para que no rosto da Igreja os homens possam contemplar o rosto
de Cristo sacerdote”. Na homilia da Missa Crismal a que presidiu na Sé Patriarcal,
o Cardeal de Lisboa indicou que "quando a Igreja, na sua realidade humana, não anuncia
o rosto de Cristo, é porque há nela as marcas da infidelidade à Palavra". "É Cristo
que garante à Palavra da Igreja o rosto que a humaniza e a torna audível como Palavra
de Deus”, alertou. Aos padres presentes, o Cardeal-Patriarca referiu que “o vosso
sacerdócio ministerial encontra a sua verdade no serviço do Povo sacerdotal. Se a
Igreja não se assumir como rosto de Cristo sacerdote, o sacerdócio ministerial perde
o seu sentido, transforma-se em poder, torna-se incompreensível aos olhos do mundo”.
D. José Policarpo precisou “o contexto da exigência da fidelidade da Igreja”:
“seguir de tal modo o seu Senhor de modo a que os homens, ao contemplarem a realidade
humana da Igreja, possam contemplar nela o rosto de Cristo”. Reflectindo sobre
a “identificação entre Cristo e a Igreja”, frisou que a mesma “faz com que no rosto
humano da Igreja resplandeça o mistério de Cristo e a sua Palavra amorosa”. Noutro
ponto da homilia, D. José Policarpo aludiu ao sacerdócio ministerial e da Igreja como
“Povo sacerdotal”. “A velha questão do lugar dos leigos na Igreja é muito mais
que uma questão organizativa ou de eficácia da missão. O verdadeiro sujeito do ser
e da missão da Igreja é o Povo sacerdotal: todo o Povo louva o Senhor, todo ele celebra
os sacramentos, ele é o sujeito do anúncio da Palavra”, explicou. Neste contexto,
indicou que “é um erro pensar que a valorização da Igreja como Povo sacerdotal possa
relativizar a importância dos sacerdotes ordenados. Antes pelo contrário: a especificidade
do seu ministério sacerdotal ganha todo o relevo no tornar possível que o sacerdócio
da Igreja se identifique com o sacerdócio de Cristo”.