Cidade do Vaticano, 09 abr (RV) – Quinta-feira Santa. Bento XVI presidiu, esta
manhã, na Basílica Vaticana, à Santa Missa do Crisma, concelebrada por cardeais, bispos
e presbíteros (religiosos e diocesanos), sinal da íntima comunhão entre o Sumo Pontífice
e os irmãos no sacerdócio ministerial.
Em sua homilia, o papa disse que “no
Cenáculo, na noite anterior à sua paixão, o Senhor rezou pelos discípulos, reunidos
ao seu redor, estendendo ao mesmo tempo o olhar para a comunidade dos discípulos de
todos os séculos.
Na sua oração pelos discípulos de todos os tempos todos
nós estamos incluídos. Por isso, ele rezou por nós. O Senhor pede pela nossa santificação
na verdade e nos envia a continuar a sua missão.
“Somente agora podemos
compreender o profundo significado da oração que o Senhor apresentou ao Pai pelos
discípulos, por nós. Ele os consagrou na verdade, isto é, integrou os apóstolos no
sacerdócio de Cristo: uma instituição do sacerdócio novo para a comunidade dos fiéis
de todos os tempos”.
Ele os consagrou na verdade. Eis a verdadeira oração
de consagração dos Apóstolos, a fim de que, a partir de Cristo, pudessem desempenhar
o serviço sacerdotal no mundo. Por conseguinte os discípulos são atraídos para o íntimo
de Deus por meio da sua imersão na Palavra de Deus. A Palavra de Deus é, por assim
dizer, a ablução que os purifica e transforma em Deus:
“Consagra-os na verdade.
A tua palavra é a verdade! Esta palavra da integração no sacerdócio ilumina a nossa
vida e convida-nos a tornar-nos, sem cessar, discípulos daquela verdade que se manifesta
na Palavra de Deus”.
De fato, há apenas um único sacerdote da Nova Aliança:
o próprio Jesus Cristo. Por conseguinte, o sacerdócio dos discípulos é participação
no sacerdócio de Jesus. Assim, o nosso sacerdócio nada mais é que um novo modo de
unir-nos a Cristo. A união com Cristo supõe renúncia.
“No ‘sim’ da Ordenação
sacerdotal, fizemos a renúncia fundamental à autonomia, à auto-realização. No entanto,
é preciso, dia após dia, cumprir este grande ‘sim’ entre os demais ‘sins’ e nas pequenas
renúncias. Se cultivarmos uma verdadeira familiaridade com Cristo, então poderemos
experimentar a alegria da sua amizade”.
Deste processo, disse o pontífice,
faz parte a oração, com a qual nos exercitamos na amizade com Cristo e aprendemos
a conhecê-Lo: o seu modo de ser, de pensar, de agir. Rezar é progredir na comunhão
pessoal com Cristo, expondo-lhe a nossa vida diária, nossos sucessos e falências,
nossas fadigas e alegrias. É apresentar-nos, simplesmente, diante d’Ele.
Enfim,
Bento XVI recordou que é importante rezar com a Igreja, celebrar a Eucaristia que
é oração. Como sacerdotes, mediante a celebração Eucarística, encaminhamos os fiéis
à oração.
Se nos tornamos um com Cristo, aprenderemos a reconhecê-Lo de modo
especial nos doentes, nos pobres, nos pequenos deste mundo; tornar-nos-emos pessoas
que servem os irmãos.
Queridos amigos, concluiu o papa, nesta hora da renovação
das promessas, queremos pedir ao Senhor que nos torne homens de verdade, homens de
amor, homens de Deus. Peçamos-Lhe que nos torne verdadeiramente sacerdotes da Nova
Aliança.
Ao término da sua homilia, Bento XVI dirigiu seu pensamento a Dom
Giuseppe Molinari, arcebispo de L’Aquila, que, por causa dos gravíssimos prejuízos
causados pelo terremoto na catedral, não poderá reunir, hoje, seu presbitério diocesano,
para a celebração da Missa do Crisma.
Portanto, o pontífice manda ao arcebispo
de L’Aquila os santos óleos, em sinal de profunda comunhão e solidariedade espiritual.
“Que estes santos óleos, disse o papa, possam acompanhar o tempo de renascimento e
de reconstrução, sarando as feridas e sustentando a esperança”.
A propósito,
ao aceitar o pedido das autoridades civis e religiosas, o Santo Padre encarregou o
Secretário de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone, para presidir, amanhã, em L’Aquila,
ao rito de sufrágio pelas vítimas do terremoto, que abalou a capital de Abruzzo e
as regiões circunstantes.
Devido à excepcionalidade do acontecimento, a Congregação
para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, concedeu o indulto para a celebração
de uma Santa Missa de sufrágio, amanhã em L’Aquila, não obstante a liturgia de Sexta-feira
Santa não preveja nenhum rito ou celebração Eucarística, a não ser aqueles concernentes
à “Paixão do Senhor”.
Como sinal de sua participação pessoal com os que sofrem
por causa do terremoto, o Santo Padre enviará também à celebração seu Secretário particular,
Mons. Georg Gänswein. (MT)