Cidade do Vaticano, 09 abr (RV) - “As tragédias nos fazem refletir. Um tsunami
nos diz que a vida deve ser levada seriamente. Hiroshima e Nagasaki continuam sendo
lugares de peregrinação. Quando a morte nos atinge, um outro mundo se apresenta ao
nosso lado. Então nos liberamos das ilusões e temos a percepção de uma realidade mais
profunda”. Antigamente as pessoas na Índia rezavam assim: “Conduza-me do irreal ao
real, da escuridão à luz, da morte à imortalidade”. É o que se lê na meditação da
14ª estação da Via Sacra, que será presidida pelo Santo Padre no Coliseu de Roma nesta
Sexta-feira Santa à noite.
Para o rito deste ano, os textos e comentários da
Via Sacra foram confiados ao arcebispo de Guwahati, (Índia) Dom Thomas Menamparampil,
salesiano de 72 anos, pastor de uma diocese de 50 mil católicos numa população de
6 milhões de habitantes. “Não é a eloqüência que convence e converte”, recorda o arcebispo
na reflexão da 11ª estação: “É um olhar de amor no caso de Pedro; a serenidade sem
ressentimento no sofrimento, no caso do bom ladrão. A conversão se verifica como um
milagre. Deus abre os seus olhos. Você reconhece a sua presença e a sua ação. Você
se rende”.
Nas palavras de Dom Menamparampil não faltam referências à Índia:
“O modo de Jesus de combater pela justiça não é o de suscitar a ira coletiva das pessoas
contra o opositor, com a conseqüência de formas ainda maiores de injustiça”. Ao contrário
– sublinha o arcebispo no texto da 3ª estação –, é de desafiar o inimigo com a razão
da própria causa e de suscitar a boa vontade do opositor de modo que ele desista da
injustiça com a persuasão e a conversão do coração.
“Mahatma Gandhi levou para
a vida pública esse ensinamento de Jesus sobre a não violência, com surpreendente
sucesso”. E ainda, na 8ª estação, dedicada ao Cirineu que ajuda Jesus a levar a Cruz
se encontra um chamamento ao Evangelho dos humildes: “Em Simão de Cirene temos o protótipo
do discípulo fiel que toma sobre si mesmo a cruz e segue Cristo. Não é diferente de
milhões de cristãos de humildes origens, com um profundo apego a Jesus. Privados de
fascínio, de elegância, mas com uma fé profunda. Homens e mulheres com tal fé continuam
a crescer em terras da África e da Ásia e nas ilhas distantes”. (SP)