Guerras, pobreza e injustiças nas meditações da Via-Sacra de Sexta Feira Santa no
Coliseu de Roma
(9/4/2009) Bento XVI vai presidir nesta Sexta Feira Santa á noite no Coliseu de
Roma, a Via Sacra Os textos do arcebispo indiano de Guwahati, D. Thomas Menamparampil,
para as 14 estações reflectem sobre o mistério do sofrimento cristão, sobre a violência
que mortifica grupos étnicos e religiosos e assolam algumas nações e sobre conflitos
entre interesses económicos e políticos. Males, segundo o arcebispo, que brotam da
avareza e do orgulho. O Papa pede a um autor diferente a redacção dos textos que
servem de reflexão para cada uma das estações deste exercício de piedade cristã, que
é seguido por dezenas de milhares de peregrinos aqui em Roma, com velas na mão, e
por outros milhões no mundo inteiro através da televisão A escolha do arcebispo
indiano é lida como um sinal de solidariedade aos cristãos na Índia, que têm sido
alvo da violência de facções fundamentalistas hindus. D. Thomas Menamparampil,
62 anos, salesiano, conduz uma arquidiocese onde os católicos são 50 mil, numa população
de 6 milhões de pessoas. As meditações oferecem uma análise sobre a realidade
actual, onde muitas vezes o sentido do sagrado e o ímpeto em direcção a Deus são sufocados
pelo efémero e por escolhas oportunistas. Diante do ódio e das guerras, escreve
o prelado indiano, "quando a justiça é administrada de modo distorcido nos tribunais,
quando a corrupção é radicada, as estruturas injustas oprimem os pobres, as minorias
são suprimidas e os refugiados e os migrantes, maltratados". Para o Arcebispo,
quando as mulheres são obrigadas a humilharem-se e as crianças dos bairros pobres
buscam comida no lixo, não devemos perguntar-nos de quem é a culpa, mas que responsabilidade
temos nessas formas de desumanidade. O cristão, afirma D. Thomas, deve ter uma
conduta justa, íntegra e honesta, deve ter a coragem de assumir decisões responsáveis
quando presta um serviço público, deve combater pela justiça, desafiando o inimigo
com a certeza da própria causa, suscitando a boa vontade do opositor, para que desista
da injustiça com a conversão do coração. O bispo indiano cita como exemplo desta atitude
Mahatma Gandhi. Diante das ofensas históricas que ferem as memórias das sociedades,
o perdão deve fazer-nos transformar a ira colectiva em novas energias de amor, assinala.