ACUSADOS DE MATAR IRMÃ DOROTHY SERÃO JULGADOS NOVAMENTE
Belém, 08 abr (RV) - O Tribunal de Justiça do Pará anulou, na manhã de ontem,
o julgamento que absolveu o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o “Bida”, acusado
de ser um dos mandantes do assassinato da religiosa norte-americana Dorothy Stang,
em 2005. O fazendeiro “Bida” deve ser preso novamente, até que seja realizado um novo
julgamento. A decisão dos desembargadores foi unânime.
A Justiça entendeu que
o julgamento deveria ser anulado, porque a defesa usou uma prova ilegal ao exibir
um vídeo com o depoimento de outro participante do crime para inocentar o fazendeiro.
Na
época, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a criticar a absolvição
do fazendeiro e avaliou como uma "mancha" na reputação do Brasil no exterior essa
decisão.
Destacando que a decisão do tribunal è significativa, o coordenador
nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e advogado da família de Dorothy Stang,
João Batista Afonso, disse que segundo dados da CPT, houve mais de 800 assassinatos
no Pará, nos últimos trinta anos, sem que um mandante esteja cumprindo pena atrás
das grades. “A absolvição do Vitalmiro Bastos era um resultado mais do que escandaloso.
A anulação do julgamento é um passo importante nessa luta contra a impunidade dos
mandantes de assassinatos no campo do Pará”.
A defesa do fazendeiro informou
que vai recorrer da anulação do julgamento e que vai pedir habeas corpus.
Na
mesma sessão, os desembargadores anularam também o julgamento de Rayfran das Neves,
que foi condenado a 27 anos de prisão como executor de Dorothy. Para os desembargadores,
os jurados não consideraram que Neves praticou o crime visando a promessa de recompensa.
Se isso tivesse ocorrido, a pena de Rayfran poderia ser maior.
No Brasil desde
1966, a missionária americana trabalhava com lideranças rurais, políticas e religiosas
em busca de soluções para os conflitos relacionados à posse e exploração de terras
na Região Amazônica. (CM)