LÍDERES RELIGIOSOS ESCREVEM CARTA CONJUNTA A GUINEENSES
Bissau, 07 abr (RV) - Os líderes religiosos das comunidades Católica, Evangélica
e Muçulmana de Guiné-Bissau, escreveram uma carta conjunta ao povo guineense, expressando
que o atual momento vivido nesse país africano requer “um exame de consciência profundo”
e uma “necessidade urgente de mudança de comportamentos na nossa vida social e comunitária”.
“Os
últimos acontecimentos dramáticos provam que a sociedade guineense ainda não está
reconciliada consigo mesma”, afirmam os líderes numa missiva assinada por dois responsáveis
de cada religião.
“O gravíssimo momento social que estamos atravessando não
para muitas palavras ou para promessas oportunistas e enganadoras". A carta lança
um forte apelo pelo fim da violência, da “vingança individual” e da “corrupção no
uso dos bens públicos ou na participação em negócios escondidos, imorais e ilegais”.
Os signatários alertam os líderes para a necessidade de se fazer uma mudança
de vida sem “o recurso à violência física, mas sim à justiça legalmente exercida e
ao respeito pelas exigências comuns da ética”.
Esta carta conjunta demonstra
a sintoma simultânea de “um bom dialogo entre as religiões na Guiné-Bissau e que o
momento atual do país é bem grave”: explica o bispo de Bafatá, Dom Pedro Zili, um
dos signatários por parte da Igreja Católica.
Os líderes evidenciam ser “realmente
deplorável” o uso da força armada, que gera “novos problemas”. “Se continuarmos pelo
caminho desta espiral de violência, o nosso país corre o sério risco de não poder
participar do concerto das nações” e de nunca alcançar o desejado “desenvolvimento
pelos quais anseiam as nossas populações”.
Os líderes apontam o caminho da
não violência para resolver os problemas político-sociais e militares, com “diálogo
confiante e persistente, no respeito pelas instituições e pela legalidade”, como o
único que “poderá levar a uma sociedade realmente desenvolvida e democrática na Guiné-Bissau”.
Os líderes religiosos pedem que durante esta semana, que termina com a Páscoa,
seja “uma semana de oração”; “que cada comunidade escolha um dia particular de oração
e de Penitência em favor da paz e da verdadeira reconciliação entre todos os guineenses”.
Os
líderes religiosos concluem sua carta conjunta expressando o desejo de que, em cada
comunidade “os crentes descubram gestos concretos que sejam sinais visíveis de arrependimento,
de pedido de perdão e de reconciliação”. (MT)