Bispo do Porto alerta para «conotação moral» da crise actual
(6/4/2009) D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, alertou este Domingo para a “conotação
moral” da crise, afirmando que é necessário ter em conta as “ambições desmedidas ou
pouca lisura de processos” que estiveram na origem da conjuntura actual. Na celebração
de Ramos, que decorreu na Sé do Porto, o prelado defendeu que “começar a Semana Santa
em 2009 significa necessariamente adesão e compromisso pessoal em relação à misericórdia
divina, revelada passo a passo nas atitudes definitivas de Cristo, tão manifestadas
na Liturgia e na Palavra destes dias”, agravados “por dificuldades grandes na sociedade
e nas famílias”. D. Manuel Clemente observou que “a Igreja, enquanto Igreja, não
pode nem deve realizar directamente as variadas funções de construção e reconstrução
do mundo”, mas “pode e deve preencher e animar todas as actividades humanas com aquele
Espírito que o Filho de Deus difundiu na terra para que a aventura humana se retome
e conclua na paz”. “A Igreja - que é Povo de Deus, Corpo de Cristo e Templo do
Espírito - na complementaridade dos seus ministérios e carismas, começa hoje, no Portugal
que somos em 2009, uma Semana que a fará mais santa, na medida em que a Palavra for
mais ouvida, a Oração mais continuada, os Sacramentos mais recebidos e a Caridade
mais actuada”, acrescentou. Pra o Bispo do Porto, “tudo nos converterá também
mais aos sentimentos de Cristo e de quem «está verdadeiramente em Cristo», para reproduzirmos
entre familiares e sem-família, empregados e sem-emprego, saudáveis e enfermos, acompanhados
e sós de múltiplas solidões, o serviço humilde e consequente d’Aquele a quem chamamos
Mestre e Senhor”. Noutro ponto da sua homilia, o prelado defendeu que “uma das
causas de tanta desistência religiosa” se encontra na descrença em relação a um “deus”
que “não garante como queríamos o êxito individual apetecido”. “Aprendamos com
Cristo – especialmente os jovens a quem este dia é dedicado - que serão bem recordados,
daqui a dois mil anos e sempre, apenas aqueles que fizeram da sua vida a partilha
generosa do que têm e do que são, e são exactamente porque oferecem”, apontou.