GUERRAS, POBREZA E INJUSTIÇAS NAS MEDITAÇÕES DA VIA-SACRA, NO COLISEU
Cidade do Vaticano, 04 abr (RV) - Os textos do arcebispo indiano de Guwahati,
Dom Thomas Menamparampil, para as 14 estações da Via-sacra a que o papa presidirá
na sexta-feira santa, no Coliseu de Roma, refletem sobre o mistério do sofrimento
cristão, sobre a violência que mortifica grupos étnicos e religiosos e assolam algumas
nações, e sobre conflitos entre interesses econômicos e políticos: males que, segundo
o arcebispo, brotam da avareza e do orgulho.
A cerimônia na Via-sacra no Coliseu
– que será transmitida ao vivo, pela Rádio Vaticano, para o Brasil e demais países
lusófonos, com comentários em português – se realizará na próxima sexta-feira, dia
10, às 16h15 (hora de Brasília).
Todos os anos, o papa pede a autores diferentes,
a redação dos textos que servem para refletir sobre cada uma das estações desse exercício
de piedade cristã, que é acompanhado por dezenas de milhares de peregrinos.
A
escolha do arcebispo indiano é lida como um sinal de solidariedade para com os cristãos
na Índia, que têm sido alvo da violência de facções fundamentalistas hinduístas.
Dom
Thomas Menamparampil, de 62 anos, salesiano, governa uma Arquidiocese onde os católicos
são 50 mil, numa população de 6 milhões de habitantes.
As meditações estarão
à venda nas livrarias da Editora Vaticana, a partir de segunda-feira, 6 de abril.
Elas oferecem uma análise sobre a realidade atual, na qual, muitas vezes, o sentido
do sagrado e o impulso em direção a Deus são sufocados pelo efêmero e por escolhas
oportunistas.
Diante do ódio e das guerras − escreve o prelado indiano − "quando
a justiça é administrada de modo distorcido nos tribunais e a corrupção é enraizada,
as estruturas injustas acabam por oprimir os pobres, as minorias são suprimidas e
os refugiados e os migrantes, maltratados".
Para o arcebispo, quando as mulheres
são obrigadas a se humilhar e as crianças dos bairros pobres buscam comida no lixo,
não devemos perguntar-nos de quem é a culpa, mas sim qual é a nossa responsabilidade
nessas formas de desumanidade.
O cristão − afirma Dom Thomas − deve ter uma
conduta justa, íntegra e honesta, deve ter a coragem de assumir decisões responsáveis
quando presta um serviço público, deve combater pela Justiça, desafiando o inimigo,
com a certeza da própria causa, suscitando a boa vontade do opositor, para que desista
da injustiça com a conversão do coração. O bispo indiano cita como exemplo dessa atitude
Mahatma Gandhi.
Diante das ofensas históricas que ferem as memórias das sociedades,
o perdão deve fazer-nos transformar a ira coletiva em novas energias de amor – assinala
o prelado. (AF)