Dia Internacional de Consciencialização sobre as Minas Terrestres: quase seis mil
vítimas por ano devido aos explosivos
(4/4/2009) Minas terrestres e fragmentos explosivos continuam a matar e a ferir milhares
de pessoas por ano em todo o mundo, apesar das desminagens terem reduzido numa década
o número de vítimas em três quartos. Em 1997, quando foi assinado o Tratado Internacional
sobre Minas Terrestres, o número de vítimas ascendia a mais de 26 mil por ano, cifra
que em 2007 rondava as seis mil, segundo dados das Nações Unidas divulgados a propósito
do Dia Internacional de Consciencialização sobre as Minas Terrestres, que se assinala
neste sábado. Mais de 70 estados - entre os quais Angola, Moçambique e Guiné-Bissau
- continuavam contaminados em 2008, segundo os dados mais recentes do organismo de
supervisão (Landmine Monitor) da Campanha Internacional para Banir Minas Terrestres
(ICBL). A rede, que junta 1.400 organizações não-governamentais em 90 países, aponta
novas contaminações no Afeganistão, Colômbia, Gambia, Iraque, Mali e Níger, bem como
em estados não signatários como a Geórgia, Myanmar e Sri Lanka. O relatório adianta
ainda que em 2007 foram limpos pelo menos 122 quilómetros quadrados de áreas minadas,
tendo sido destruídas mais de 190 mil minas anti-pessoal e mais de 10 mil anti-carro. Os
melhores resultados foram alcançados pelos programas de desminagem no Afeganistão,
Angola, Camboja, Croácia, Etiópia, Iraque e Sudão, que concentram 80 por cento do
total da área limpa. Anna Kudarewska, responsável do Landmine Monitor para a África
Lusófona, sublinhou em declarações à agência Lusa a "lentidão" do processo de desminagem
e a redução dos fundos para este efeito. Referindo-se a Angola e Moçambique, Ana
Kudarewska lembrou a fraca assistência médica e o quase inexistente apoio psicológico
às vítimas de acidentes com minas nestes dois países. O Tratado Internacional de
Minas Terrestres, assinado por 156 países, terá a sua segunda conferência de revisão
no final do ano em Cartagena, na Colômbia, onde serão medidos os progressos e avaliados
os desafios futuros. Países membros do tratado, como a Bielorússia, Grécia, Turquia,
Etiópia, Ucrânia e Koweit ultrapassaram ou estão em risco de ultrapassar as datas
limite para destruir os respectivos stocks, enquanto 71 estados armazenam mais de
200 mil minas para investigação. Mais de 70 países, entre os quais se contam 44
dos que aderiram ao tratado, mantém todas as áreas contaminadas por limpar. Angola,
Afeganistão e Camboja contam-se entre os países mais minados do mundo.