(4/4/2009) As minas em Angola, país ainda considerado um dos mais minados do mundo
e onde se estima a existência de 80 mil vítimas, continuam a fazer baixas, em torno
de 80 pessoas por ano. Os dados foram avançados à Agência Lusa por Madalena Neto,
coordenadora da subcomissão de Apoio e Reinserção Social da Vítima de Mina da Comissão
Nacional Intersectorial de Desminagem e Assistência Humanitária (CNIDAH), quando falava
por ocasião do dia Internacional de Luta contra as Minas, que se assinala a 04 de
Abril. Segundo a responsável, uma das principais acções da CNIDAH é a educação
sobre o risco das minas, através de campanhas de sensibilização, com vista a diminuir
os acidentes. Entretanto, a coordenadora reconheceu que os acidentes com minas
atingem entre os 80 e 100 casos por ano, na maior parte das vezes por falta de informação. "Isto
tem acontecido sobretudo com populações de zonas agrícolas, que querem fazer o seu
cultivo, e com crianças, que, na sua inocência, brincam com qualquer coisa", explicou. De
acordo com Madalena Neto, este mês vai arrancar em todo o país o processo de registo
nacional das vítimas de minas, com duração de dois anos, para apurar o número real
das pessoas no país afectadas. As estimativas dos números de vítimas existentes
datam de 2000, altura em que o país vivia ainda uma guerra civil entre as tropas governamentais
e a UNITA, que acabou dois anos depois, por coincidência a 4 de Abril, o Dia Internacional
Contra as Minas. As actividades de desminagem continuam a decorrer por todo o país,
tendo sido criadas, em 2007, nove equipas regionais para o acompanhamento dos trabalhos
nas 18 províncias de Angola, explicou à Lusa o assessor nacional de Controlo de Qualidade
de Desminagem da CNIDAH, Lito João. Nas províncias do Kuando Kubango, Malange,
Huambo, Bié e Huíla, ainda consideradas as mais minadas, foi instalada uma equipa
em cada uma devido à essa particularidade. A redução dos apoios financeiros por
parte da comunidade internacional, que se verifica desde 2006, também tem dificultado
os trabalhos, referiu Lito João, salientando que os altos indicadores de crescimento
económico de Angola estão na base dessa redução. "Pensamos que na componente humanitária
essa ajuda não se deveria reduzir, porque o Estado tem responsabilidades, como a reconstrução
do país", referiu. Os números reais de minas existentes no país não estão disponíveis,
havendo estimativas do tempo da guerra de que teriam sido implantadas um milhão de
engenhos nos solos de Angola. Actualmente, sete anos depois de alcançada a paz
no país, a CNIDAH está preocupada em fazer o levantamento das localidades com presença
de minas. Esse levantamento, que terminou em 2007, conseguiu identificar mais de
três mil localidades das 20 mil pesquisadas com altos níveis de minas, tendo já sido
mais de 50 por cento delas sido desminadas.