PE. LOMBARDI: "OBRA DA IGREJA NÃO PRECISA SER PROVADA"
Cidade do Vaticano, 03 abr (RV) - A Bélgica enviará um protesto oficial ao
Vaticano por causa das declarações do papa sobre o uso do preservativo, depois que
ontem à noite, a Câmara dos Deputados aprovou uma resolução nesse sentido.
A
resolução - adotada por 95 votos a favor, 18 contrários e 7 abstenções - pede ao governo
de Bruxelas que condene as afirmações feitas pelo papa, durante sua viagem à África,
e proteste oficialmente junto à Santa Sé.
O diretor da Sala de Imprensa da
Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, publicou hoje um comunicado oficial, em que diz que
a resolução aprovada pela Câmara dos Deputados belga surpreende, pois para todo país
democrático, é óbvia a liberdade do Santo Padre e da Igreja Católica de expressarem
suas posições e linhas de ação sobre temas de evidente relação com a visão da pessoa
humana e de sua responsabilidade moral, com o compromisso educativo e formativo das
pessoas, com o serviço de assistência a doentes e sofredores.
A grande tradição
e experiência da Igreja no campo da formação e da saúde, em especial nos países mais
pobres, é tão evidente que não precisa ser comprovada nem comentada.
É lícito
questionar-se - finaliza Pe. Lombardi, em nome da Santa Sé - se o ponto de vista do
Santo Padre tenha sido considerado com suficiente atenção ou seriedade, ou, ao contrário,
interpretado através do filtro não objetivo e equilibrado repercutido na mídia ocidental.
O episcopado belga divulgou esta manhã uma nota a respeito da resolução aprovada
pelo Parlamento. Afirmando respeitar o caráter democrático da iniciativa, os bispos
dizem lamentar a decisão e apelam por uma reflexão serena.
Os bispos acrescentam
"esperar que, com a proximidade da Páscoa, a polêmica emotiva possa se reduzir”. E
frisam que o que seu país e a África precisam é de uma reflexão serena sobre todos
os meios a serem utilizados para deter a epidemia da AIDS. (CM)