G20 em Londres: um “acordo de acção global” para reactivar a economia internacional
(3/4/2009) Em Londres, os líderes mundiais chegaram ontem a um “acordo de acção
global” para reactivar a economia internacional, que passa pela reforma do sistema
bancário (que incluirá a penalização dos paraísos fiscais), estímulos ao crescimento
económico, a revisão das instituições internacionais, o apoio ao comércio global e
novos fundos para o combate à pobreza.
Na conferência de imprensa final da
cimeira do G20, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou ainda que os
líderes mundiais planeiam voltar a encontrar-se até ao final do ano. Segundo ele,
o encontro servirá para "monitorizar os progressos" conseguidos. Sintetizando as
medidas adoptadas, Brown explicou que os países mais industrializados e as principais
economias mundiais chegaram a compromissos em seis áreas distintas, que abrangem boa
parte das propostas trazidas pelos vários dirigentes para o encontro de Londres.
Entre
elas conta-se uma “profunda reforma do sistema bancário” a nível internacional, que
irá abarcar, entre outros aspectos, uma nova regulamentação para as agências de notação
e os fundos de investimento.
Mas a medida mais visível será a criação de uma
lista de paraísos fiscais que não cumprem as regras de transparência – tarefa que
estará a cabo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Ainda neste âmbito, o G20 decidiu fixar novas regras para a atribuição de prémios
aos gestores financeiros, uma matéria que gerou grande polémica nos Estados Unidos
e Reino Unido. O G20 acordou também um pacote de um milhão de milhões
de dólares para reforçar a capacidade de intervenção das instituições financeiras
internacionais. Metade deste montante será gerido pelo Fundo Monetário Internacional
(instituição que concede empréstimos de emergência a países em dificuldade), que vê
assim triplicar o seu orçamento.
O novo pacote junta-se aos valores já
disponibilizados individualmente pelos países, elevando para níveis inéditos o estímulo
fiscal à economia. Segundo fontes diplomáticas, a maior parte dos novos fundos (que
vão triplicar o orçamento disponível do FMI) serão disponibilizados pela China, Japão
e alguns países europeus.
Também o comércio internacional – em queda acentuada
nos últimos meses – mereceu especial atenção na cimeira, tendo os líderes mundiais
acordado retomar as negociações para a liberalização das trocas (um das principais
reivindicações dos países emergentes). Em paralelo, será criado um fundo de 250 mil
milhões para, ao longo dos próximos dois anos, financiar e dar garantias às exportações
e importações.
Numa outra medida inédita, o G20 decidiu que o FMI poderá
vender parte das suas reservas de ouro para financiar a ajuda ao desenvolvimento dos
países mais pobres – uma medida que o primeiro-ministro britânico diz demonstrar que
os mais ricos “não vão passar ao lado” dos que mais necessitam. Brown disse ainda
ter existido um consenso para aumentar a representação dos países em desenvolvimento
nas instituições internacionais, a começar pelo FMI.
Em cima da mesa estiveram
também as preocupações com as alterações climáticas, falando-se em diminuição das
emissões para a atmosfera e da criação de “empregos verdes”.