Istambul, 03 abr (RV) – No Curdistão, os cristãos iraquianos – reduzidos a
menos da metade nos últimos anos – estão temerosos de um ataque turco à região, porque
não têm mais para onde ir, depois de se terem autoexilado numerosas vezes, fugindo
da violência.
O Curdistão é um amplo altiplano localizado na parte setentrional
e norte-oriental da região da Mesopotâmia, que inclui as bacias dos rios Tigre e Eufrates
e é hoje politicamente dividido entre a Turquia, o Irã, o Iraque e a Síria, além da
Armênia. Apenas o Curdistão iraquiano goza de autonomia política como região federal
do Iraque.
Segundo o bispo Mer Patros − máxima autoridade dos cristãos caldeus
no Curdistão – o Iraque conta hoje apenas cerca de 600 mil cristãos, dos dois milhões
que chegou a ter, nos tempos do regime de Saddam Hussein. Desses 600 mil, 250 mil
vivem no Curdistão.
"Nós, cristãos, somos alvo de uma autêntica perseguição
no Iraque, e apenas no Curdistão encontramos paz" – disse o bispo, em sua sede episcopal,
em Dohuk, agradecendo o trabalho que o governo autônomo curdo vem fazendo, para ajudar
os cristãos que buscam refúgio na região.
Após a derrocada de Saddam Hussein,
os cristãos iraquianos – caldeus, sabeus e assírios – começaram a sofrer ataques e
atentados contra suas igrejas, o que os levou a emigrarem para países vizinhos ou
para a Europa. Dos 40 sacerdotes caldeus existentes em Bagdá, hoje restam apenas 17.
Todavia,
alguns cristãos mais pobres, que não puderam emigrar, transferiram-se para as montanhas
curdas, de onde haviam fugido precedentemente, para escapar das incontáveis guerras
curdas e dos ataques da Turquia.
Esses cristãos curdos retornaram a seus povoados
de origem, graças ao governo autônomo curdo, e voltaram a dar vida a inteiras aldeias
que forma um cinturão na fronteira com a Turquia.
Agora, esses cristãos que
parecem ter uma sina errante e não conseguem ter paz em lugar nenhum, estão de novo
sob a ameaça de terem que escapar da região, caso aconteça esse temido ataque da Turquia.
(AF)