2009-04-02 10:49:34

VATICANO: QUEDA DEMOGRÁFICA NÃO AJUDA A REDUZIR POBREZA


Nova York, 02 abr (RV) - O Arcebispo Celestino Migliore, núncio apostólico junto às Nações Unidas, proferiu ontem um discurso na 42ª sessão da Comissão para população e desenvolvimento, em Nova York.

A leitura dos documentos preparatórios para esta sessão da Comissão – disse Dom Migliore – oferece a impressão de que as populações são vistas como o maior obstáculo ao desenvolvimento econômico e social, e não contribuintes vitais para o sucesso dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e um maior desenvolvimento sustentável. Somada às declarações de algumas ONGs, esta leitura sugere que a própria instituição que propôs os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, quinze anos atrás, está dando prioridade ao controle populacional e induzindo os pobres a aceitar essas regras, ao invés de se concentrar nos compromissos assumidos para resolver os problemas da educação, cuidados básicos de saúde, acesso à água, saneamento e emprego.

Antes da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, especialistas em demografia e políticos alertaram que o aumento da população mundial criaria um enorme fardo sobre o mundo, com terríveis consequências: carência alimentar, fome de massa, destruição ambiental e de recursos, novos conflitos. Hoje, quinze anos mais tarde, o crescimento da população tem se reduzido; a produção de alimentos continua a aumentar e seria até suficiente para todos, tanto que uma parte está sendo desviada para a produção de combustíveis.

É quase irônico que a destruição ambiental é praticada principalmente pelos países com menores índices de crescimento e que os países ricos apóiem o incremento da população em suas casas, ao mesmo tempo em que trabalham para reduzi-la nos países pobres.

Além disso, os peritos interpretam o aumento das taxas de natalidade na África, ao longo das últimas décadas, como uma oportunidade para gerar vantagens em termos econômicos sobre as regiões cujo crescente envelhecimento populacional cria desafios econômicos. Neste sentido, é preciso maior empenho e assistência, além de infra-estruturas e financiamentos adicionais, para apoiar o crescimento econômico.

A Santa Sé continua a acreditar que o acesso à educação, oportunidades econômicas, estabilidade política, cuidados básicos de saúde e apoio às famílias devem a ser a base para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

No final do discurso, em nome da Santa Sé, Dom Migliore, reafirmou as reservas feitas nas Conferências do Cairo e Pequim: o aborto não é uma forma legítima de saúde sexual e reprodutiva, direitos ou serviços. A delegação vaticana espera que as organizações internacionais e os responsáveis políticos mantenham ou, se necessário, redirecionem esforços públicos para uma abordagem humana no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
(CM)
  







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