2009-04-01 18:03:42

REPRESENTANTE VATICANO NA FAO: NÃO ÀS ESPECULAÇÕES QUE LUCRAM SOBRE ALIMENTOS-BASE DAS POPULAÇÕES POBRES


Bangcoc, 1º abr (RV) - O observador da Santa Sé junto aos organismos da ONU para a agricultura e a alimentação, Mons. Renato Volante, fez um veemente pronunciamento na Conferência regional da FAO para a Ásia e o Pacífico, realizado dias atrás em Bangcoc, na Tailândia. O monsenhor afirmou, entre outras coisas, que toda e "qualquer estratégia ou normativa dirigida ao mundo rural deve considerar a centralidade da pessoa e as suas necessidades concretas".

Mons. Volante destacou que, de um lado, se vê milhões de pessoas na linha da fome, ou abaixo dela, buscando sobreviver tirando algo de terras comumente pouco férteis ou cultivadas de modo improdutivo. Por outro lado, se vê o jogo da especulação, com produtos como o arroz sendo explorado para encher os bolsos de poucos, ao invés de saciar a fome de muitos.

Diante dos delegados internacionais da FAO para a região da Ásia e do Pacífico, Mons. Volante denunciou os dois lados dessa situação. Há tempos, nas reuniões internacionais, se discute a fim de identificar as melhores "estratégias para garantir a segurança alimentar", no "esforço de libertar, da fome e da desnutrição, os mais vulneráveis e desfavorecidos", ressaltou o representante, acrescentando que sem um compromisso direto e responsável dos governos, também a eficácia de organismos como a FAO acaba sendo condicionada.

O representante vaticano observou que nos encontramos diante de um cenário difícil: milhões de pessoas a serem sustentadas em áreas rurais onde o "principal obstáculo" permanece sendo "o inadequado processo de desenvolvimento" que acaba incidindo na "perspectiva de vida" dos mais pobres.

O representane precisou que se trata de "situações evidentes" que "para serem afrontadas necessitam de decisões de política nacional e internacional, a começar com linhas orientadoras para a atividade agrícola e para a produção alimentar que respondam à realidade atual".

Mons. Volante chamou a atenção para o fato que o nível das próximas colheitas dá algumas esperanças para o futuro imediato, mas, todavia, "apesar dos sinais positivos para alcançar um nível mínimo de segurança alimentar, a crise que atinge os mercados, as atividades financeiras, o nível dos preços dos alimentos requer uma revisão das políticas agrícolas mostrando a necessidade de se atuar com todos os instrumentos e medidas possíveis".

Ele ressaltou ainda a importância das novas metodologias "para aumentar a produção de modo estável", desde que as tradições locais não sejam desestruturadas.

Mons. Volante destacou também a necessidade de que se dê atenção não somente ao consumo, "mas também a um nível de nutrição sadio e seguro", e se dêem "melhores condições de trabalho agrícola, sobretudo naquelas áreas estruturalmente em risco ou que se tornaram tais devido a fatores ambientais ou da ação do homem".

Ao confirmar a colaboração da Igreja Católica com as instituições civis para combater o problema da insegurança alimentar, Mons. Volante reiterou que, "embora consciente das dificuldades", a delegação da Santa Sé confia na capacidade daqueles que se encontram diariamente comprometidos nas diferentes funções e responsabilidades da região" Ásia e Pacífico, onde existem muitos sinais positivos de um melhoramento da situação.

O observador vaticano concluiu dizendo que esses sinais "podem ser reforçados por um ulterior desenvolvimento da vida cultural e social da região, e aprofundados de modo que o antigo valor da solidariedade realmente permeie a vida cotidiana das pessoas, das comunidades e dos Estados, e ninguém se sinta sozinho ou abandonado". (RL)







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