Emigração desesperada de africanos para a Europa, com centenas de vitimas nos últimos
dias
(1/4/2009) Nigerianos, argelinos, marroquinos, tunisinos, curdos, palestinianos,
somalis: mais de 300 africanos morreram afogados desde sábado, ao largo da Líbia.
A aflição da pobreza empurra-os para o mar, a sonhar com a Europa. É "o último
exemplo trágico de um fenómeno global", disse-o António Guterres, alto-comissário
da ONU para os refugiados (ACNUR). E especificou: "São pessoas desesperadas [que]
tomam medidas desesperadas para escapar de conflitos, perseguições e pobreza, à procura
de vida melhor". A desgraça, assinalou ainda Guterres, revela uma necessidade urgente:
o urgente incremento na cooperação internacional para a área do resgate marítimo -
de modo a que seja possível salvar pessoas com vida e não apenas recolher corpos afogados.
Este caso ocorrido a 30 quilómetros da costa da Líbia envolveu pelo menos quatro
embarcações que largaram de Tripoli no sábado e intentavam chegar a Malta, a Lampedusa
ou à Sicília, no sul de Itália. Três naufragaram; há um número indeterminado de pessoas
desaparecidas, mas que ascende pelo menos a 300, segundo um porta-voz da OIM - Organização
Internacional para as Migrações, citado pela agência Reuters. Aparentemente incontrolável,
o impulso africano do sonho na Europa já provocou, nos últimos dois anos, a morte
de 5.500 pessoas - todas morreram a tentar alcançar o continente europeu por via marítima,
de forma clandestina, segundo dados compilados por uma Organização Não Governamental
espanhola ACCEM.