ARCEBISPO BALTASAR PORRAS CARDOSO FALA SOBRE O GOVERNO NA VENEZUELA
Cidade do Vaticano, 1 abr (RV) - O arcebispo de Mérida, na Venezuela, Dom Baltazar
Porras Cardoso, faz um apelo para o diálogo e a democracia no país. Segundo ele, é
necessária uma conversa entre a oposição e o governo de Hugo Chavez, pois negar esse
contato é negar um princípio fundamental da democracia.
Depois de recente referendo
popular o presidente, entre outros cargos, pode concorrer à reeleição ilimitadamente,
e dessa forma pode governar por tempo indeterminado.
Não ao poder nas mãos
de uma só pessoa, afirma o arcebispo. O poder executivo deve governar o povo e administrar
os interesses públicos, mas nenhum governo pode se preocupar com o bem comum se não
tem consciência das necessidades de todas as camadas da sociedade.
Não é possível
impor uma vontade única, pois a democracia não pode ser vivida com um poder vertical
de um líder autoritário. A Venezuela não deve enxergar a revolução como um bem, mas
sim o cidadão, pois o poder executivo só existe em função do povo, para quem deve
dar total satisfação, diz Dom Baltazar.
Há empenho dos bispos em não fazer
da descentralização do poder uma utopia, assim como das pastorais venezuelanas e também
da Igreja na América Latina. Todo governo que tende a concentrar poder em uma só pessoa
não é uma coisa boa, completa o arcebispo.
É verdade que, quando os setores
intermediários têm responsabilidades e possibilidades de desenvolverem projetos, o
governo inteiro se beneficia. Quando, porém, a criatividade e a iniciativa são suprimidas,
o povo assume um papel de observador passivo e improdutivo.
A aceitação do
referendo, porém, foi fruto de uma campanha desigual. Emissoras de rádio e televisão,
jornais e outros recursos do Estado foram amplamente utilizados na propaganda. Além
disso, funcionários públicos e dependentes de programas sociais foram de certa forma
chantageados, podendo perder seus empregos, pensão e benefícios, caso votassem contra.
No
cargo desde 1999, Hugo Chavez não pretende deixar a presidência, marcada por controvérsias
e polêmica. Estatiza repentinamente empresas estrangeiras privadas, nega recursos
aos Estados em que seu partido não governa, critica o latifúndio mas sua família possui
as maiores fazendas do país, ameaça estudantes e meios de comunicação. Além disso,
é notadamente conhecido por perseguir militarmente os adversários e opositores ao
seu governo. (JP)