Liga árabe termina cimeira rejeitando acusação do TPI ao Presidente do Sudão
(31/3/2009) Os líderes árabes reunidos em Doha, Qatar, rejeitaram um mandado de
captura do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o Presidente do Sudão, Omar al-Bashir,
acusado pelo tribunal de Haia por crimes de guerra pela morte de mais de 300 mil pessoas
na região sudanesa do Darfur.
No comunicado final os líderes árabes consideram
que quaisquer esforços para lidar com a situação no Darfur tinham de ter um acordo
entre todas as facções envolvidas.
A reunião da Liga Árabe começou dominada
pela presença de Bashir – ainda se especulou que ele poderia não aparecer no encontro
de Doha – já que esta foi ainda a primeira vez que o líder sudanês se encontrou na
mesma sala que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon desde a acusação.
O
Qatar é o quarto destino de Bashir desde que foi acusado pelo TPI, a 4 de Março –
esteve entretanto na Eritreia, Egipto e Líbia. Estes países tinham já expressado a
sua oposição ao mandato do tribunal de Haia. Apenas três membros da Liga Árabe são
parte da convenção que criou o TPI: a Jordânia, o Djibuti e as ilhas Comoros.
O
conflito no Darfur foi referenciado pelo Conselho de Segurança (CS) da ONU ao TPI
– os EUA, apesar de não serem signatários do Estatuto de Roma, abstiveram - se permitindo
a aprovação no CS do envio do caso para o TPI.
A ONU diz que mais de 300
mil pessoas morreram nos confrontos entre milícias árabes e rebeldes africanos negros
que começaram em 2003. Cerca de 2,7 milhões de pessoas foram deslocadas. O regime
de Bashir diz que morreram cerca de 10 mil pessoas. O Sudão reagiu ao anúncio do
mandado de captura do seu Presidente – a primeira deste tribunal a um Presidente em
exercício – com a expulsão de 13 organizações não-governamentais (ONG) que prestavam
ajuda a mais de 4 milhões de pessoas no Darfur.
O secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, aproveitou a sua presença na reunião da Liga Árabe para criticar
esta decisão: “Continuo extremamente preocupado pela decisão do Governo de expulsar
organizações não governamentais essenciais, e de suspender o trabalho de três ONG
nacionais que davam serviços que permitiam a um milhão de pessoas continuar a viver”,
disse Ban, citado pela AFP. “A paz e a justiça são princípios-chave das Nações
Unidas. Devemo-nos comprometer com ambos”, concluiu Ban Ki-moon, que antes tinha afirmado:
“devíamos trabalhar juntos para ultrapassar as tensões relacionadas” com o tribunal.
Bashir,
pelo seu lado, classificou o tribunal como “uma instituição não-democrática que aplica
dois pesos e duas medidas, atingem os fracos e fecham os olhos aos criminosos