Pequim, 31 mar (RV) - Dom Julius Jia Zhiguo, bispo de Zhengding, da Igreja
Católica ‘clandestina’ chinesa, foi preso e levado de sua casa pela polícia. A notícia
foi divulgada pela AsiaNews, agência do Pontifício Instituto para as Missões no Exterior,
que ressalta a concomitância da detenção com o encontro de cúpula da Comissão plenária
da Igreja na China, em andamento no Vaticano.
Ontem à tarde, 5 policiais,
em dois automóveis, se apresentaram na casa do bispo e o conduziram a um local desconhecido.
Dom Jia tem 74 anos e sofre de vários problemas de saúde em função das várias estadias
em prisões no passado. Esta é a décima vez que é detido.
Os fiéis de sua diocese
estão preocupados, pois este novo episódio pode colocar sua vida em risco. Durante
os períodos de isolamento a que é submetido, a polícia tenta doutriná-lo sobre a política
religiosa do Partido e o pressiona para fazê-lo aderir à Associação Patriótica.
Consagrado
bispo em 1980, Dom Julius Jia Zhiguo viveu quase todo seu ministério episcopal sob
prisão domiciliar e cerca de vinte anos na prisão. Em sua casa atende cem órfãos deficientes.
Sua
diocese pertence à província chinesa de Hebei, região de maior perseguição aos católicos,
que são maioria, contando 1,5 milhão de fiéis, muitos deles da Igreja ‘clandestina’.
O sequestro de Dom Jia ocorre após a decisão de Dom Jang Taoran, bispo de
Shijiazhuang, diocese da Igreja oficial da região, de se reconciliar com a Santa Sé
e aceitar – sob indicação do Vaticano – colaborar com o bispo Jia Zhiguo, e se tornar
bispo auxiliar.
Desta forma, Dom Jia se tornaria bispo ordinário da diocese,
embora ainda membro da Igreja 'clandestina’, não-reconhecida pelo governo. Os dois
bispos se encontraram várias vezes e começaram a elaborar um plano pastoral comum
na linha indicada pelo papa na Carta aos chineses de 2007, cuja aplicação está sendo
debatida na reunião iniciada ontem no Vaticano. (CM)