CARITAS: CRISE É UMA NOVA OPORTUNIDADE PARA A GLOBALIZAÇÃO
Roma, 31 mar (RV) - Em vista da cúpula do G20 de Londres, que começa na quinta-feira,
a Caritas Internacional divulgou uma mensagem, exortando os líderes mundiais a colocarem
os pobres no centro de uma série de reformas para construir uma nova economia, fundada
na justiça e na igualdade.
A nota, assinada pelo presidente da Caritas Internacional,
Card. Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, afirma que a crise mundial eclodiu porque
a ética foi marginalizada para dar espaço à busca de maior riqueza por parte de poucos
potentes. "Podemos enfrentar esta crise diminuindo a falida globalização da avidez
ou vendo-a como uma oportunidade para criar uma globalização baseada na solidariedade,
na justiça e na paz."
A Caritas adverte que os pobres encontrarão dificuldades
para fazer frente a esta situação: ''Quando trilhões de dólares são desembolsados
para socorrer os bancos, é moralmente injustificável que alguns países ricos tenham
cortado as ajudas ao países em desenvolvimento''.
Apesar da crise econômica,
a Caritas recorda que os líderes mundiais devem incluir na agenda a questão das mudanças
climáticas, em vista da Conferência de Copenhague, no final deste ano. Para a Caritas,
se não houver uma redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa, as mudanças
climáticas terão conseqüências a longo prazo muito mais devastadoras do que a crise
econômica. "Podemos salvar os bancos, mas o nosso clima não pode ser salvo" – recorda.
A Caritas pede ainda uma reforma das Nações Unidas, do Fundo Monetário Internacional
e do Banco Mundial, para garantir maior participação nos processos de decisão por
parte dos países mais desfavorecidos.
"Mas o verdadeiro resultado que deve
emergir do G20 – conclui a mensagem – é o nascimento de um novo sistema de participação
internacional para a distribuição da riqueza, por meio da criação de taxas internacionais
para financiar os bens públicos globais e a implementação de adequadas políticas fiscais
em nível nacional." (BF)