2009-03-27 14:15:03

Arcebispo Silvano Tomasi explica razões por que Santa Sé não apoiou Resolução da ONU contra a difamação das religiões


(28/3/2009) Como noticiámos, as Nações Unidas adoptaram quinta-feira uma Resolução, que condena todos os actos de violência motivados por diferenças religiosas. O documento foi aprovado pelo Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, e recebeu 23 votos a favor, 13 contra e 11 abstenções.
A Resolução que tem como tema "a difamação das religiões", foi apresentada pelo Paquistão em nome dos Países da Organização da Conferência Islâmica. Embora exprimindo "profunda preocupação" pela frequente difamação das religiões, o documento cita somente o Islamismo.

A Santa Sé não apoiou esta Resolução, por considerar a liberdade de expressão estreitamente ligada à liberdade religiosa. Como explicou à nossa Emissora D. Silvano Maria Tomasi, Observador permanente da Santa Sé na sede de Genebra da ONU, “se se começa a abrir a porta a um conceito de difamação que se aplica às ideias, acaba por ser o Estado a decidir quando uma religião é difamada ou não, pondo em causa o exercício da liberdade religiosa”. “Por exemplo, o reconhecimento jurídico do conceito abstracto de difamação da religião pode ser utilizado para justificar as leis contra a blasfémia, que, como sabemos, em alguns países são utilizadas para atacar, inclusive de modo violento, minorias religiosas, nomeadamente os cristãos. O desafio é encontrar um são equilíbrio que una a liberdade ao respeito pelos sentimentos dos outros. Para tal, há que aceitar os princípios fundamentais da liberdade, inscritos nos tratados internacionais."
“Actualmente – advertiu D. Silvano Tomani – são os cristãos o grupo religioso mais discriminado. Há uns 200 milhões de cristãos, de diversas confissões, que se encontram em situações de dificuldade, em razão de estruturas legais ou culturas públicas que levam, de algum modo, a certa discriminação contra os cristãos. Existem situações particulares que levam a uma certa marginalização daqueles que realmente acreditam e vivem a sua fé cristã. Existem posicionamentos – até mesmo declarações públicas de parlamentares – que atacam esse ou aquele aspecto da fé cristã, e isso tende a colocar os cristãos à margem da sociedade e a excluir a contribuição de seus valores à sociedade.










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