Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Ilustríssimas Autoridades civis,
militares e eclesiásticas, Prezados irmãos e irmãs em Cristo, Amigos todos de
Angola!
Vivamente sensibilizado pela presença de Vossa Excelência, Senhor
Presidente, neste momento da minha partida, quero exprimir-lhe o meu apreço e gratidão
pelo tratamento fidalgo que me reservou e as disposições tomadas para facilitar o
desenvolvimento dos diferentes encontros que me foram dado viver. Tanto às autoridades
civis e militares como aos Pastores e responsáveis das comunidades e instituições
eclesiais envolvidas nos mesmos, dirijo os mais cordiais agradecimentos por todas
as amabilidades que tiveram para comigo durante estes dias que pude passar entre vós.
Uma palavra de reconhecimento devo-a aos operadores dos meios de comunicação social,
aos agentes dos serviços de segurança e a todos os voluntários que, com generosidade,
eficiência e discrição, contribuíram para o bom êxito da minha visita. Estou
grato a Deus por ter encontrado uma Igreja viva e, apesar das dificuldades, cheia
de entusiasmo, que soube carregar a sua cruz e a dos outros, testemunhar perante
todos a força salvífica da mensagem evangélica. Ela continua a anunciar que chegou
o tempo da esperança, empenhando-se na pacificação dos ânimos e convidando ao exercício
duma caridade fraterna que saiba abrir-se ao acolhimento de todos, no respeito das
ideias e sentimentos de cada um. É hora de me despedir para voltar a Roma, triste
por vos deixar, mas feliz por ter conhecido de perto um povo corajoso e decidido a
renascer. Não obstante as resistências e os obstáculos, este povo pretende construir
o seu futuro caminhando por sendas de perdão, justiça e solidariedade. Se me permitissem
um apelo final, seria para pedir que a justa realização das aspirações fundamentais
das populações mais necessitadas constitua a preocupação principal de quantos ocupam
cargos públicos, visto que a sua intenção – estou certo – é desempenhar a missão
recebida, não para si mesmos, mas em vista do bem comum. O nosso coração não pode
estar em paz, enquanto virmos irmãos sofrerem por falta de alimento, de trabalho,
de um tecto ou de outros bens fundamentais. Entretanto para se oferecer uma resposta
concreta a estes nossos irmãos em humanidade, o primeiro desafio a vencer é o da solidariedade:
solidariedade entre as gerações, solidariedade entre países e entre continentes que
dê origem a uma partilha cada vez mais equitativa das riquezas da terra entre todos
os homens. E de Luanda estendo o olhar para a África inteira, despedindo-me até
ao próximo mês de Outubro na Cidade do Vaticano, quando nos reunirmos para a II Assembleia
Especial do Sínodo dos Bispos dedicada a este continente, onde o Verbo de Deus humanado
em pessoa encontrou refúgio. Agora peço a Deus que faça sentir a sua protecção e ajuda
aos refugiados e deslocados sem número que vagueiam à espera de um retorno a casa.
O Deus do céu repete-lhes: «Ainda que tua mãe te esquecesse, Eu nunca te esqueceria»
(cf. Is 49, 15). É como filhos e filhas que Deus vos ama; Ele vela sobre os vossos
dias e as vossas noites, sobre as vossas fadigas e aspirações. Irmãos e amigos
de África, queridos angolanos, coragem! Não vos canseis de fazer progredir a paz,
cumprindo gestos de perdão e trabalhando pela reconciliação nacional, para que jamais
prevaleça a violência sobre o diálogo, o medo e o desânimo sobre a confiança, o rancor
sobre o amor fraterno. E isto poderá acontecer se vos reconhecerdes uns aos outros
como filhos do mesmo e único Pai do Céu. Deus abençoe Angola! Abençoe cada um dos
seus filhos e filhas! Abençoe o presente e o futuro desta querida Nação. Ficai com
Deus!