O Domingo do Papa em Luanda: durante a manhã a Missa com os bispos da Imbisa e á tarde
o encontro com os movimentos católicos para a promoção da mulher
(22/3/2009) Um dos momentos mais marcantes da visita de Bento XVI a África, que se
iniciou no passado dia 17, com a primeira etapa em Yaoundé ( Camarões) acontecerá
este Domingo na Igreja de Santo António, em Luanda, quando o Papa se encontrar com
a liderança dos movimentos católicos para a promoção da mulher em Angola. Neste
encontro, num momento de oração, vai rezar-se para que a mulher angolana “seja sempre
construtora da paz, promotora da solidariedade e defensora da vida”. A oração lembra
as “mães solteiras que não encontram acolhimento na família nem na sociedade” e “todas
as mulheres maltratadas, violentadas, oprimidas por tantos problemas sociais”. O
longo ciclo das guerras teve como consequência o facto de 60 a 70% da população de
Angola viver abaixo do limiar de pobreza, o que atingiu de maneira particular as mulheres
e as crianças. Apenas 40% das mulheres angolanas tem um emprego formal, no sector
público ou privado, enquanto que 60% sobrevive com trabalhos informais e mal pagos.
No documento que vai orientar os trabalhos do próximo Sínodo para a África pode
ler-se que “um grande número de Igrejas particulares considera que a dignidade da
mulher está ainda por promover, tanto na Igreja como na sociedade”. Em particular,
aponta-se o dedo a “certas crenças e práticas negativas das culturas africanas exigem,
todavia, uma vigilância particular: a feitiçaria dilacera as sociedades rurais e urbanas
e, em nome da cultura ou da tradição ancestral, a mulher torna-se uma vitima dos preceitos
em matéria de herança e dos ritos de viuvez, da mutilação sexual, do casamento forçado,
da poligamia, etc”. “A mulher continua a ser subjugada em todas as regiões sob
diversas formas: as violências domésticas, expressão do domínio dos homens sobre as
mulheres; a poligamia que desfigura o rosto sacro do matrimónio e da família, também
pela competição entre as mulheres e crianças por elas geradas; a falta de respeito
pela dignidade e os direitos das viúvas; a prostituição; a mutilação dos órgãos genitais
das mulheres”, acrescenta-se. Numa visão mais interna, defende-se que “o papel
das mulheres seria mais eficaz se a Igreja-Família lhes confiasse uma missão mais
visível ou as envolvesse de modo mais claro, humanizando assim de forma substancial
as sociedades africanas”. 500 mil A Igreja Católica espera a presença
de 500 mil fieis para na Missa presidida por Bento XVI, esta manhã, com inicio ás
10h00, no largo da Cimangola, em Luanda. A informação foi avançada pelo coordenador
da comissão de actividades da vinda do Papa a Angola, D. Filomeno Vieira Dias, em
conferência de imprensa. Segundo o bispo, no local espera-se pela presença de
católicos vindos de todas às províncias do país, que, além das delegações arquidiocesanas
oficiais, contarão também com fiéis que o farão a título individual.