(21/3/2009) O presidente norte-americano Barack Obama anunciou quarta-feira a nomeação
do general na reserva Scott Gration como emissário especial para o Sudão, decisão
que assinala que a situação no país e no Darfur será "uma prioridade" do seu governo. No
comunicado que anuncia a nomeação de Gration, Obama também preveniu o governo sudanês
de que terá de prestar contas por todas as mortes que causar a expulsão do país das
organizações de ajuda humanitária. A deterioração da situação humanitária torna
a nossa tarefa mais urgente", disse Obama. "A decisão desastrosa tomada pelo governo
sudanês de expulsar as organizações de ajuda humanitária deixa um vazio que será preenchido
pela escassez e pelo desespero, e por isso deverá prestar contas pelas vidas que vão
desaparecer", disse Obama na sua declaração mais elaborada sobre o Sudão e o Darfur
desde a sua investidura a 20 de Janeiro. A situação ao Sudão e na sua região ocidental
do Darfur merece uma atenção particular dos Estados Unidos, onde grupos muito activos
exercem uma forte pressão sobre o governo para uma resolução da crise. Alguns
destes grupos começavam a questionar se a acção da administração Obama não estava
à altura das palavras vigorosas pronunciadas durante a campanha. O Darfur é devastado
desde 2003 por uma guerra civil que já provocou 300.000 mortos, de acordo com a ONU,
e deslocou 2,7 milhões de pessoas, muito dependentes da ajuda humanitária. Entretanto,
o Tribunal Penal Internacional emitiu a 04 de Março um mandado de captura contra o
presidente sudanês (o primeiro contra um chefe de Estado) por crimes de guerra e contra
a humanidade. Em resposta, o governo sudanês anunciou a expulsão de 13 das mais
importantes ONG internacionais activas no Darfur, causando uma enorme contestação
internacional. Segundo a ONU, a expulsão das ONG ameaça a vida de um milhão de
pessoas. O general Gration, antigo piloto de combate, cresceu em África como filho
de missionários, falando o swahili, uma língua praticada na África oriental.