2009-03-20 12:35:29

PAPA ENCONTRA CONSELHO DO SÍNODO PARA A ÁFRICA


Iaundé, 20 mar (RV) - O último compromisso do Santo Padre em Camarões no dia de ontem foi o encontro com os membros do Conselho Especial para a África do Sínodo dos Bispos, na Nunciatura Apostólica de Iaundé.

O encontro representou o simbólico início no continente africano da II Assembléia Sinodal Especial que se realizará no Vaticano de 4 a 25 de outubro de 2009. O Conselho Especial é composto por 12 membros pertencentes a diversos países do continente: Nigéria, Tanzânia, África do Sul, Argélia, Camarões, Moçambique, Congo, Burkina Fasso, Zâmbia, Madagascar e Egito.

No discurso aos presentes o Papa em primeiro lugar recordou que em1994, o Servo de Deus João Paulo II convocou a Primeira Assembléia Especial do Sínodo dos Bispos, em sinal de solicitude pastoral por este continente rico tanto de promessas como de prementes carências humanas, culturais e espirituais.

Bento XVI afirmou que toda a Igreja olha com atenção para este encontro em vista da Segunda Assembléia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, que será celebrada em outubro próximo. O tema é: “A Igreja na África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz. “Vós sois o sal da terra… Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13.14)”.

Na sua reflexão o Papa sublinhou que o continente africano foi santificado pelo próprio Jesus Cristo. No início da sua vida terrena, tristes circunstâncias fizeram-No pisar o solo africano. Deus escolheu este continente para abrigar seu Filho.

A África representou uma etapa importante na Encarnação, o primeiro momento da kenose, porque acolheu a humilhação e o despojamento do Filho de Deus, antes de voltar à Terra Prometida.

“Por causa da vinda de Cristo que a santificou com a sua presença física, a África recebeu um apelo particular para conhecer Cristo. Que os africanos se sintam orgulhosos disso, destacou o papa.”

Depois de recordar alguns momentos significativos da história cristã deste continente que lembram a ligação profunda que existe entre a África e o cristianismo a partir das suas origens o Papa destacou que depois de ter sido posto à prova por vicissitudes históricas, o cristianismo subsistiu, durante quase um milênio, apenas na parte nordeste do continente. Com a chegada dos europeus, que procuravam a rota para a Índia, nos séculos XV e XVI, as populações subsaarianas encontraram Cristo. Foram as populações costeiras que receberam, em primeiro lugar, o batismo.

Econtramo-nos atualmente – continuou o Papa - num período histórico que coincide, do ponto de vista civil, com a readquirida independência e, do ponto de vista eclesial, com o acontecimento do Concílio Vaticano II. A Igreja na África preparou e acompanhou, durante este período, a construção das novas identidades nacionais e, paralelamente, procurou traduzir a identidade de Cristo segundo caminhos próprios.

A Primeira Assembléia Especial do Sínodo dos Bispos permitiu indicar as direções a tomar e pôs em evidência, para além do mais, a necessidade de aprofundar e encarnar na vida o mistério de uma Igreja-Família. Então o papa sugeriu algumas reflexões sobre o tema específico da Segunda Assembléia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, relativo à reconciliação, à justiça e à paz.

“O continente dos senhores – disse o Papa - não tem sido poupado; foi e é ainda triste cenário de graves tragédias que reclamam por uma verdadeira reconciliação entre os povos, as etnias, os homens. Para nós, cristãos, esta reconciliação enraíza-se no amor misericordioso de Deus Pai e realiza-se através da pessoa de Jesus Cristo, que, no Espírito Santo, ofereceu a todos a graça da reconciliação. As consequências que daí se hão de manifestar serão a justiça e a paz, indispensáveis para construir um mundo melhor”.

Na realidade, perguntou-se o Papa – o que pode haver de mais dramático, no atual contexto sócio-político e econômico do continente africano, do que a luta frequentemente sangrenta entre grupos étnicos ou povos irmãos? E, se o Sínodo de 1994 insistiu sobre a Igreja-Família de Deus, qual poderá ser o contributo do Sínodo deste ano para a construção da África, sedenta de reconciliação e à procura da justiça e da paz?

Os conflitos locais ou regionais, os massacres e os genocídios que sucedem no continente devem-nos interpelar de maneira muito particular, frisou o Santo Padre: se é verdade que, em Jesus Cristo, pertencemos à mesma família e partilhamos a mesma vida, dado que, nas nossas veias, circula o mesmo Sangue de Cristo, que fez de nós filhos de Deus, membros da Família de Deus, então não deveria haver mais ódios, injustiças e guerras ente irmãos.

Bento XVI recordou ainda o Cardeal Bernardin Gantin, de venerada memória que ao constatar o avanço da violência e a aparição do egoísmo em África, fazia apelo, desde 1988, a uma Teologia da Fraternidade, como resposta aos prementes apelos dos pobres e dos humildes.

No seu discurso o Papa disse ainda que é urgente que as comunidades cristãs se tornem cada vez mais lugares de profunda escuta da Palavra de Deus e de leitura meditada da Sagrada Escritura. Quanto à Eucaristia, esta torna o Senhor realmente presente na história. Através da realidade do seu Corpo e Sangue, Cristo inteiro torna-Se substancialmente presente nas nossas vidas. A Eucaristia é fonte de unidade reconciliada na paz.

Por fim, o papa convidou todos a encorajar a preparação do acontecimento sinodal, recitando também com os fiéis a oração que conclui o Instrumentum laboris pelo bom êxito da Assembléia Sinodal. (SP)







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