Para todo o homem, o respeito da vida é um direito e ao mesmo tempo um dever, porque
cada vida é um dom de Deus”.
( 19/3/2009) Na tarde desta quinta feira Bento XVI visitou o Centro Nacional de
reabilitação dos deficientes, intitulado ao defunto cardeal canadiano Paul Emile Leger.
Ali falou a um grupo de cerca de 200 doentes ( SIDA, malária etc.) e mutilados de
guerra e de conflitos étnicos. "Na presença de sofrimentos atrozes, sentimo-nos
inaptos e não encontramos as palavras justas” – reconheceu Bento XVI, dirigindo-se
aos doentes, com seus familiares e pessoal do Centro Cardeal Léger. “Diante de um
irmão ou uma irmã imersos no mistério da Cruz (prosseguiu), o silêncio respeitoso
e compassivo, uma presença orante, um gesto de ternura e de conforto, um olhar bondoso,
um sorriso, muitas vezes conseguem mais do que muitos discursos”.
Observando
que foi esta a atitude adoptada por Maria, pelas outras mulheres e pelo apóstolo João,
perante o sofrimento de Jesus na sua paixão, Bento XVI evocou a comparticipação dada
por Simão de Cirene, chamado, independentemente da sua vontade, a acompanhar Jesus,
ajudando-o a levar a cruz ao Calvário.
“Um africano, um filho do vosso continente,
participou, com o seu próprio sofrimento, na pena infinita d’Aquele que redimiu todos
os homens, incluindo os seus perseguidores. Simão de Cirene não podia saber que tinha
diante dos olhos o seu Salvador. Foi «requisitado» para O ajudar; foi constrangido,
forçado a fazê-lo. É difícil aceitar carregar a cruz de outrem. Só depois da ressurreição
é que ele pôde compreender o que tinha feito. O mesmo se passa com cada um de nós,
irmãos e irmãs: no âmago do desespero, da revolta, Cristo propõe-nos a sua presença
amorosa, ainda que tenhamos dificuldade em compreender que Ele está ao nosso lado.
Só a vitória final do Senhor nos desvendará o sentido definitivo das nossas provas”.
“Não se pode dizer que todo o africano é, em qualquer medida, membro da
família de Simão de Cirene? – interrrogou-se o Papa.
“Todo o africano
e todo o homem que sofre ajudam Cristo a levar a sua Cruz e sobem com Ele ao Gólgota
para com Ele ressuscitar um dia. Vendo Jesus objecto de tal infâmia, contemplando
o seu rosto na Cruz e reconhecendo a atrocidade da sua dor, podemos vislumbrar, pela
fé, o rosto luminoso do Ressuscitado que nos diz que o sofrimento e a doença não terão
a última palavra nas nossas vidas humanas”.
A concluir, Bento XVI reservou
uma palavra ao pessoal hospitalar e a todos os que trabalham no mundo sanitário. “Acompanhando,
com a vossa atenção e os cuidados que lhes dispensais, aqueles que sofrem – obsrevou
o Papa – realizais um acto de caridade e de amor que Deus agradece: «Estava doente,
e viestes visitar-Me».
“A vós, investigadores e médicos, compete realizar
tudo o que é legítimo para aliviar a dor; cabe-vos em primeiro lugar proteger as vidas
humanas, ser os defensores da vida desde a sua concepção até ao seu termo natural.
Para todo o homem, o respeito da vida é um direito e ao mesmo tempo um dever, porque
cada vida é um dom de Deus”.
A concluir, Bento XVI deu graças a Deus “por
todos os que, duma maneira ou doutra, trabalham ao serviço das pessoas que sofrem”
e encorajou os padres e os visitadores de doentes a “empenharem-se com a sua presença
activa e amiga na pastoral sanitária nos hospitais ou para assegurar uma presença
eclesial no domicílio, para conforto e apoio espiritual dos doentes”. (texto integral
em "Viagens apostólicas")