Iaundé, 19 mar (RV) - Depois do encontro com a Comunidade Muçulmana de Camarões,
o papa deixou a Nunciatura Apostólica de Iaundé, e se dirigiu, de papamóvel, ao estádio
Amadou Ahidjo, a 8 km. de distância.
Depois de dar uma volta de papamóvel entre
os milhares de fiéis presentes, Bento XVI presidiu à celebração da Santa Missa para
a entrega do Instrumento de Trabalho da II Assembléia Especial para a África do Sínodo
dos Bispos, objetivo principal da sua viagem ao continente.
Depois da saudação
do arcebispo de Iaundé, Dom Simon-Victor, Tonyé Bakot, em nome dos representantes
das Conferências Episcopais da África, que estavam presentes para a publicação oficial
do “Instrumentum laboris” da II Assembléia Especial para a África do Sínodo
dos Bispos, o Santo Padre pronunciou sua homilia.
“Jesus Cristo, disse, reúne-nos
neste dia em que a Igreja, aqui em Camarões como em toda a terra, celebra a festa
de São José, esposo da Virgem Maria. Por isso, “desejo uma festa feliz a todos aqueles
que, como eu, receberam a graça de ter este belo nome. Peço a São José que nos conceda
sua proteção especial e defenda sempre as famílias, com a sua proteção, como o fez
com a sua.
A África em geral e Camarões em particular correm perigo se não
reconhecerem o verdadeiro Autor da Vida! Não se deixem arrastar por falsas glórias
e falsos ideais! Cristo é o único Caminho, Verdade e Vida.
“Aqui neste
país como no resto da África e nos outros continentes a família passa efetivamente
um período difícil, que a sua fidelidade a Deus ajudará a superar. Alguns valores
da vida tradicional foram perturbados. As relações entre as gerações alteraram-se
de tal maneira que já não favorecem, como antes, a transmissão dos conhecimentos antigos
e da sabedoria herdada dos antepassados”.
A qualidade dos vínculos familiares,
explicou o papa, é profundamente afetada. Desenraizados e fragilizados, os membros
das jovens gerações, muitas vezes sem um verdadeiro trabalho, procuram remédio para
a sua vida infeliz refugiando-se em paraísos efêmeros e artificiais importados, que
nunca chegam a assegurar ao homem uma felicidade profunda e duradoura.
Às
vezes, continuou Bento XVI, o homem africano é obrigado a fugir e a abandonar tudo
o que constituía a sua riqueza interior. Confrontado com o fenômeno de uma urbanização
galopante, ele abandona a sua terra, física e moralmente, em uma espécie de exílio
interior, que o afasta do seu ser, dos seus irmãos e do próprio Deus.
“Quero
aqui prestar homenagem, com admiração e reconhecimento, ao notável trabalho das inúmeras
associações que encorajam a uma vida de fé e à prática da caridade. Deus as cumule
de graças! Encontrem na Palavra de Deus um renovado vigor para levar a bom termo todos
os seus projetos a serviço de um desenvolvimento integral da pessoa humana na África,
especialmente em Camarões”.
A primeira prioridade, ressaltou o Santo Padre,
consiste em dar novamente sentido ao acolhimento da vida como dom de Deus. A morte
não deve prevalecer sobre a vida! A morte não terá jamais a última palavra!
“Filhos
e filhas da África, não tenham medo de crer, esperar e amar; não tenham medo de dizer
que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, e que só através d’Ele podemos salvar-nos”.
A África é chamada à esperança! Com Cristo, que passou pelo solo africano,
deve tornar-se o continente da esperança!
Amados irmãos e irmãs, concluiu
o pontífice, de todo o coração lhes repito : como José, não tenham medo de viver com
Maria, não temam de amar a Igreja. Queria ainda dirigir uma exortação particular
aos pais de família, uma vez que São José é seu modelo. Este santo revela o mistério
da paternidade de Deus sobre Cristo e sobre cada um de nós. São José pode ensinar-nos
o segredo da sua paternidade.
Como São José, queridos pais de família, respeitem
e amem suas esposas, e guiem seus filhos. Por fim, aos jovens presentes, Bento XVI
dirigiu uma palavra amiga e encorajadora: diante das dificuldades da vida, não percam
a coragem! Sigam a Cristo e ofereçam-lhe seu amor.
Às crianças órfãs ou que
vivem abandonadas na miséria da estrada; àquelas que foram violentamente separadas
dos seus pais, maltratadas e abusadas, e incorporadas à força em grupos militares,
que imperam em alguns países, digo: Deus as ama e São José as protege. Invoquem-nos
com confiança! (MT)