2009-03-18 14:18:59

Anunciar o Evangelho, uma prioridade para a Igreja verdadeira família de Deus, congregada pelo amor fraterno, que exclui todo o etnocentrismo e particularismo excessivos e contribui para a reconciliação e a colaboração entre as etnias para o bem de todos: Bento XVI aos Bispos dos Camarões


(18/3/2009) No longo discurso dirigido aos bispos dos Camarões, na manhã desta quarta feira, Bento XVI deixou um forte encorajamento ao empenho missionário, à comunhão apostólica, à formação doutrinal e espiritual dos padres, catequistas, das famílias e dos leigos em geral. Recomendou também que o tom justamente festivo das celebrações litúrgicas não seja nunca em detrimento da comunhão e do diálogo com Deus. O Papa evocou ainda a importância da doutrina social da Igreja e da atenção concreta aos mais desfavorecidos.

“Neste ano consagrado a São Paulo, é particularmente oportuno recordarmo-nos da urgente necessidade de anunciar a todos o Evangelho. Este mandato, que a Igreja recebeu de Cristo, permanece uma prioridade, pois muitos são ainda os que aguardam a mensagem de esperança e de amor que lhes permita conhecer a liberdade, a glória dos filhos de Deus. (…) O Concílio Vaticano II lembrou com vigor que a actividade missionária decorre profundamente da própria natureza da Igreja.”

Bento XVI insistiu na “profunda comunhão” que há-de unir os Pastores da Igreja, até para poderem “procurar conjuntamente respostas para os múltiplos desafios com que se confronta a Igreja. A “viva consciência da dimensão colegial” do ministério episcopal – sublinhou – há-de levar os bispos a multiplicarem entre si as “expressões da fraternidade sacramental, desde o acolhimento e a estima recíproca até às diversas atenções de caridade e de colaboração concreta”, generosamente, em autêntica “solidariedade fraterna” e “apostólica”:

“Uma cooperação efectiva entre as dioceses, nomeadamente para uma melhor repartição dos padres no vosso país, não deixará de favorecer as relações de solidariedade fraterna com as Igrejas diocesanas mais pobres, para que o anúncio do Evangelho não sofra com a falta de ministros. Esta solidariedade apostólica há-de se estender com generosidade às necessidades das outras Igrejas locais, em particular do vosso continente”.

Também as comunidades cristãs da África se mostrarão assim, “também elas, uma Igreja missionária” – sublinhou o Papa, que referiu depois a importância de uma profunda comunhão entre Bispos e padres :

“O Bispo e os seus padres estão chamados a viver relações de profunda comunhão, baseadas no único sacerdócio de Cristo que todos partilham, embora em graus diferentes. É da maior importância a qualidade do elo que vos une aos vossos padres, vossos principais e insubstituíveis colaboradores”.

Dando graças a Deus pela abundância de candidatos ao sacerdócio, Bento XVI recomendou, porém um “sério discernimento”, pedindo que se dê “prioridade à escolha e preparação de formadores e directores espirituais”, “capazes de proporcionar uma sólida formação humana, espiritual e pastoral e de conduzir a uma maturação de homens equilibrados, bem preparados para a vida de padres”.

Especial atenção reservou também o Papa aos catequistas:

“Na evangelização do vosso país, (os catequistas) desempenharam e continuam a desempenhar um papel chave. Agradeço-lhes pela sua generosidade e dedicação ao serviço da Igreja. Através da actividade que desenvolvem, realiza-se uma autêntica inculturação da fé. Em todo o caso, é indispensável a sua formação humana, espiritual e doutrinal. O apoio material, moral e espiritual que recebem dos seus pastores – de tal modo que possam desempenhar a sua missão em boas condições de vida e de trabalho – servem também para lhes exprimir o reconhecimento da Igreja pela importância do empenho deles em proclamar a fé e favorecer o seu crescimento”.

Não faltou, no discurso do Papa aos Bispos dos Camarões, uma referência à pastoral familiar, assim como ao importante lugar que assume a liturgia na expressão da fé das comunidades. “Em geral, estas celebrações eclesiais são festivas e jubilosas, manifestando o fervor dos fiéis, felizes por se encontrarem reunidos, em Igreja, para louvar o Senhor”.

“É contudo essencial que a alegria que assim se exprime não crie obstáculo, outrossim facilite o diálogo e a comunhão com Deus, através de uma genuína internacionalização das estruturas e palavras da liturgia, de tal modo que estas exprimam o que tem lugar no coração dos crentes, em verdadeira união com todos os outros participantes”.

Quase a concluir o seu longo discurso aos bispos dos Camarões, Bento XVI referiu-se ainda à “difusão das seitas e dos movimentos exotéricos, assim como à crescente influência de formas supersticiosas de religião, e de relativismo”. Não faltou uma palavra de apreço pelo empenho dos leigos, com as suas muitas associações. O Papa encorajou especialmente “a participação activa das associações femininas nos diferentes sectores da vida da Igreja, mostrando assim uma efectiva tomada de consciência da dignidade da mulher e da sua particular vocação na comunhão eclesial e na sociedade”.
(texto integral em "Viagens apostolicas")







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