2009-03-11 17:20:47

Anunciada a publicação esta quinta feira de uma carta de Bento XVI,dirigida a todos os Bispos da Igreja Católica em que explica a decisão sobre lefebvrianos
 


(11/3/2009) Foi anunciada nesta quarta feira a publicação de uma carta de Bento XVI aos Bispos católicos de todo o mundo para explicar a remissão das excomunhões de 4 Bispos da Fraternidade São Pio X, em Janeiro deste ano, que tinham sido ordenados pelo falecido Arcebispo Lefebvre sem mandato pontifício.
O texto será distribuído à imprensa esta Quinta-feira, de manhã.
Este não é o primeiro esclarecimento oficial sobre a decisão do Papa, particularmente contestada em virtude da inclusão, no grupo dos quatro prelados, de D. Richard Williamson. A 4 de Fevereiro passado, a Secretaria de Estado do Vaticano emitiu uma nota, esclarecendo que para ser readmitido nas funções de Bispo na Igreja Católica. D. Williamson deve “distanciar-se de forma absolutamente pública e inequívoca” das suas declarações “negacionistas ou reducionistas” sobre o Holocausto.
“As posições de D. Williamson sobre a Shoah são absolutamente inaceitáveis e firmemente repudiadas pelo Santo Padre”, referiu o Vaticano.
O comunicado esclarecia que Bento XVI não conhecia essas declarações – produzidas numa entrevista à televisão sueca – “no momento do levantamento da excomunhão” a este e outros três Bispos lefebvrianos, que aconteceu no dia 24 de Janeiro (ver Decreto da Congregação para os Bispos).
Acrescenta-se, aliás, que “a situação jurídica da Fraternidade Pio X não mudou, não gozando de momento de nenhum reconhecimento canónico na Igreja Católica” e que os quatro Bispos em causa “não têm funções canónicas na Igreja e não exercem licitamente qualquer ministério na mesma”, esperando o Vaticano uma “total adesão” da sua parte “à doutrina e disciplina” eclesiais.
Nesse contexto, pode ler-se que um futuro reconhecimento da Fraternidade fundada por Mons. Lefebvre implica “o pleno reconhecimento do Concílio Vaticano II”, no qual se repudia claramente o anti-semitismo.
Anteriormente, o Pe. Federico Lombardi, divulgara um comunicado para especificar "os novos pedidos de esclarecimentos sobre a posição do papa e da Igreja sobre o tema da Shoah".
"O pensamento do Papa sobre o tema do Holocausto foi manifestado com muita clareza na Sinagoga de Colónia, a 19 de Agosto de 2005; no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, a 28 de Maio de 2006; na audiência pública de 31 de Maio no Vaticano e na audiência de 28 de Janeiro, com palavras inequívocas", disse.
Nesta última data, Bento XVI reafirmou a sua clara condenação do Holocausto, considerando que este acontecimento trágico deve ser para todos “um alerta contra o esquecimento, a negação ou o reducionismo”.
O Papa quis “renovar com afecto a expressão da minha plena e indiscutível solidariedade com os nossos irmãos destinatários da primeira Aliança”, o povo judaico.
“Nestes dias, em que recordamos a Shoah, vêm à minha memória as imagens das minhas repetidas visitas a Auschwitz, um dos lugares em que se consumou o massacre cruel de milhões de judeus, vítimas inocentes de um ódio cego, racial e religioso”, disse na audiência geral.
“Desejo que a memória da Shoah leve a humanidade a reflectir sobre o imprevisível poder do mal, quando conquista o coração do homem”, alertou.
“A violência feita contra um só homem é violência feita contra todos”, afirmou ainda Bento XVI, precisando que “a Shoah mostra em especial, às velhas e novas gerações, que só o caminho do diálogo e da escuta, do amor e do perdão, conduz povos, culturas e religiões do mundo à desejada fraternidade e paz na verdade”.
Nessa ocasião, como destaca agora o Pe. Lombardi, o Papa explicou "claramente" o objectivo da revogação das excomunhões. "Isso não tem nada a ver com uma legitimação das posições negacionistas do Holocausto, claramente condenadas pelo pontífice", reiterou.








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