No Sudão, 13 agencias humanitárias obrigadas a deixar ao país
(7/3/2009) Acusadas pelo Sudão de "colaboração" com o Tribunal Penal Internacional
para o mandado de prisão contra Omar al-Bashir, 13 organizações humanitárias receberam esta
sexta-feira de expulsão do país. As Nações Unidas analisam a situação.Segundo a ONU,
se o Governo do Sudão mantiver a ordem de expulão das 13 organizações não governamentais
(ONG), o presidente Omar al-Bashir vai deixar "sem alimentos e sem assistência médica"
mais de três milhões de pessoas. "Com a partida das ONG, 1,1 milhões de pessoas ficarão
sem comida, 1,5 milhões de pessoas sem cuidados médicos e mais de um milhão de habitantes
sem água potável", explicou ontem a porta-voz do Gabinete de Coordenação dos Assuntos
Humanitários da ONU (OCHA), Elizabeth Byrs.Recorda-se que a ONU dá assistência humanitária,
em grande parte em colaboração com as ONG internacionais e locais, a 4,5 milhões de
pessoas no Sudão, 2,7 milhões das quais são refugiadas. Na quarta-feira passada,
o TPI emitira um mandado de captura contra o presidente Omar al-Bashir, por crimes
de guerra em Darfur (província sudanesa). É a primeira vez que um tribunal internacional
processa um chefe de Estado em exercício. Bashir poderá recorrer da decisão em sede
deJustiça. O pedido tinha sido feito em 14 de Julho passado pelo procurador geral
do TPI, Luís Moreno-Ocampo, que afirmou na terça-feira passada haver "provas abundantes"
contra al-Bashir. O mandado não envolve acusação de genocídio, porque os juízes consideraram
"por maioria" que os documentos apresentados pela Procuradoria não revelam base suficiente
para provar a "intenção específica" de Bashir de eliminar uma parte da população.
O porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos do Homem, Rupert Colville,
revelou que a organização vai analisar a situação com vista a determinar se a privação
de ajuda humanitária numa zona de conflito não constitui um crime de guerra ou uma
violação do Direito Internacional. O Darfour é, desde 2003, vítima de um conflito
complexo que matou 300.000 pessoas (segundo a ONU) ou 10.000 (segundo o Governo do
Sudão). A Igreja Católica continua a procurar assegurar o funcionamento da sua
rede de ajudas. A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) não deixa de apoiar os projectos
que tem no Sudão, principalmente o grande projecto «Salvar os oprimidos» (Save the
saveable), oferecendo condições mínimas de educação para milhares de crianças nos
campos de refugiados nos arredores de Cartum. No próximo dia 31 de Março, durante
a Conferência anual dos Directores da AIS, estará presente D. Daniel Adwok, Porta-voz
e responsável do Secretariado da Justiça e Paz da Conferência Episcopal do Sudão,
para falar sobre a situação da Igreja e sobre o desenvolvimento dos projectos que
estão a ser apoiados no país. O Bispo Auxiliar de Cartum, tem sido uma voz incómoda
para o regime, denunciando as falhas de quem governa o Sudão no que diz respeito à
construção de um país próspero e pacífico. O prelado considera que há a tentativa
de “fazer reviver a civilização árabe e islâmica no Sudão, sem espaço para quaisquer
outras religiões ou culturas”.