2009-02-25 18:35:23

PAPA PRESIDE À BÊNÇÃO E IMPOSIÇÃO DAS CINZAS NO BAIRRO ROMANO DO AVENTINO


Cidade do Vaticano, 26 fev (RV) - Ontem quarta-feira de Cinzas, teve início o tempo forte da Quaresma, em preparação à Páscoa do Senhor.

À tarde, pelas 16h00, Bento XVI deixou o Vaticano e se dirigiu, de automóvel, ao bairro do Aventino, em Roma, para presidir, na Basílica de Santa Sabina à celebração Eucarística, com o rito da bênção e imposição das cinzas. A celebração foi precedida de uma procissão penitencial, que partiu da vizinha igreja de Santo Anselmo, dos monges beneditinos.

Durante a Santa Missa, o Santo Padre recebeu a imposição das cinzas das mãos do prefeito emérito da Congregação para a Evangelização dos Povos, o idoso Cardeal Jozef Tomko, que é titular da Basílica de Santa Sabina, dos Padres Dominicanos. Por sua vez, o papa impôs as cinzas sobre o Cardeal Tomko e sobre outros cardeais, arcebispos e fiéis presentes.

Em sua longa homilia, o Santo Padre refletiu sobre o evento de ontem, quarta-feira de Cinzas, porta litúrgica que introduz à Quaresma. Os textos da celebração traçam, embora sumariamente, toda a fisionomia do tempo quaresmal.

A Igreja, disse o papa, se preocupa em mostrar-nos qual a orientação que o nosso espírito deve seguir e nos fornece os subsídios divinos para percorrer, com decisão e coragem, o singular itinerário espiritual que estamos iniciando.

Em sua reflexão, o pontífice fez um apelo à conversão, que emergia como tema dominante em todas as partes da liturgia de ontem: o Senhor esquece e perdoa os pecados dos que se convertem; Ele convida o povo cristão a rezar, para que cada um empreenda “um caminho de verdadeira conversão”.

Na página evangélica, Jesus adverte sobre a traça da vaidade, que causa ostentação e hipocrisia, superficialidade e auto-complacência; Ele reafirma a necessidade de nutrir a retidão do coração e mostra, ao mesmo tempo, a maneira para crescer na pureza de intenções: cultivar a intimidade com o Pai celeste. E o papa acrescentou:

“Particularmente agradável neste ano jubilar, comemorativo do bimilenário do nascimento de São Paulo, nos é proposta a palavra da segunda Carta aos Coríntios: “Suplicamo-lhes, em nome de Cristo: deixem-se reconciliar com Deus”.  
Este convite do Apóstolo, disse Bento XVI, soa como um ulterior estímulo para levar a sério o apelo quaresmal à conversão. Paulo experimentou, de modo extraordinário, o poder da graça de Deus, a graça do Mistério pascal da qual também vive a quaresma. Ele se apresenta a nós como “embaixador” do Senhor. E o papa se perguntou:

“Quem, então, melhor do que ele, pode ajudar-nos a percorrer de modo frutuoso este itinerário de conversão interior? Ele recorda na primeira Carta a Timóteo: “Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores, o primeiro dos quais sou eu”. E acrescenta: “Mas, precisamente por isso obtive misericórdia, porque Jesus Cristo quis demonstrar, primeiramente em mim, toda a sua magnanimidade, para que eu servisse de exemplo para aqueles que teriam acreditado nele para ter a vida eterna”. 
Portanto, o Apóstolo tem a consciência de ter sido escolhido como exemplo para os cristãos, sobretudo no que diz respeito à conversão e à transformação da sua vida, realizada graças ao amor misericordioso de Deus. De fato, ele recorda que “antes, era um homem blasfemador, perseguidor, violento... mas, a graça do Senhor superabundou em sua pessoa. E o pontífice explicou:

“Toda a sua pregação e, ainda antes, toda a sua existência missionária, foram sustentadas por um impulso interior, que pode ser comparado à experiência fundamental da graça: “Pela graça de Deus, eu sou aquele que sou”. Esta consciência emerge em todos os seus escritos e serviu como “leva” interior, sobre a qual Deus pôde agir, levando-o para ulteriores confins não apenas geográficos, mas também espirituais”.

Por isso, São Paulo reconhece que tudo que atua nele é obra da graça de Deus, mas é preciso aderir livremente ao dom da vida nova recebida no Batismo. E o papa se pergunta novamente: como levar a cumprimento a vocação batismal? Como ser vitoriosos na luta entre a carne e o espírito, entre o bem e o mal, que marca a nossa existência? E respondeu:

“No trecho evangélico, o Senhor nos indica, hoje, três meios úteis: a oração, a esmola e o jejum. Em relação à oração, ele exorta a perseverar e a vigiar e a “rezar ininterruptamente. Quanto à esmola, a caridade é o cume da vida do cristão, o vínculo da perfeição. O Apóstolo não fala expressamente do jejum, mas exorta, porém, à sobriedade, como característica de quem é chamado a viver em vigilante espera do Senhor”. 
Eis, portanto, afirmou o Santo Padre, a vocação dos cristãos: ressuscitados com Cristo, eles passam da morte para a sua vida, que se encontra em Cristo.

O papa concluiu sua homilia dizendo que, enquanto recebemos as cinzas em nossas cabeças, como sinal de conversão e penitência, devemos abrir o nosso coração à ação vivificante da Palavra de Deus.

A quaresma, marcada por uma escuta freqüente desta Palavra, por uma intensa oração, por um estilo de vida austero e penitencial, deve servir de estímulo à conversão e ao amor sincero para com os irmãos, especialmente com os mais pobres e necessitados.

Ao término da Santa Missa e da imposição das Cinzas, Bento XVI deixou a Basílica de Santa Sabina e regressou, de automóvel, para o Vaticano. (MT)







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