TEÓLOGO NICOLA BUX RESSALTA QUE PRIMADO DE PEDRO ESTÁ A SERVIÇO DA UNIDADE E DA DIVERSIDADE
DA IGREJA
Cidade do Vaticano, 23 fev (RV) - No Angelus de ontem, domingo, Bento
XVI, dirigindo-se aos presentes na Praça São Pedro para a oração mariana, pediu a
todos que o acompanhassem com as suas orações, a fim de que ele pudesse cumprir fielmente
a alta missão que a Providência divina lhe confiara como Sucessor de Pedro.
Tratou-se
de uma invocação significativa na Festa da Cátedra de São Pedro, ocasião que deu ao
pontífice a oportunidade de refletir sobre o valor e a atualidade do primado do bispo
de Roma. Falando sobre o papel primacial da Igreja de Roma, o papa citou Santo Inácio
de Antioquia e Santo Irineu de Lion, como também o Concílio Vaticano II.
Sobre
essa peculiaridade do ministério petrino, a Rádio Vaticano entrevistou um consultor
da Congregação para a Doutrina da Fé, o teólogo Pe. Nicola Bux. Eis o que disse:
Pe.
Nicola Bux:- "Como muitos invocam a fidelidade ao Concílio e sempre houve uma
preocupação no sentido de que essa fidelidade não seja esquecida, não se caia no esquecimento,
justamente, o Santo Padre recordou no Angelus a Constituição Lumen Gentium. Mencionou
a passagem precisa da Lumen Gentium que diz que na comunhão eclesiástica se encontram
legitimamente as Igrejas particulares, que gozam de tradições próprias, permanecendo
íntegro o primado da Cátedra de Pedro, ou seja, a presidência, a comunhão universal
da caridade e a tutela das variedades legítimas. Recordemos que se São Francisco de
Assis não tivesse encontrado o primado de Pedro, o seu movimento, o seu carisma, provavelmente
não teria podido difundir-se, como se deu; teria ficado fechado, talvez localmente
também sufocado. Cada particularidade na Igreja toma força da unidade com o todo."
P.
Pe. Bux, portanto, obediência e autoridade, mas também caridade e unidade?
Pe.
Nicola Bux:- "Certamente, jamais se podem separar essas coisas. O Santo Padre,
no discurso que fez dias atrás no Seminário Romano, insistiu sobre a importância da
comunhão. Portanto, a comunhão consiste no pertencer ao único corpo, isto é, no sentir-se,
cada um, parte do outro. Ninguém é auto-suficiente, nenhum indivíduo e nenhuma comunidade.
Naturalmente, essa é a lei da caridade, é a prática da caridade, do amor. Quando não
se coloca essa consciência em prática – como o Santo Padre recordou no Seminário Romano
– nascem polêmicas, que o papa identificou numa fé que degenera em intelectualismo,
ou seja, praticamente o dar o primado à inteligência das coisas, e não, ao invés,
ao crer que o Corpo de Jesus Cristo, ao qual pertenço, é maior do que eu." (RL)