Cap-Haitien, 23 fev (RV) – Não é um momento fácil para o Haiti: desde o início
de 2004, de fato, o país encontra-se no centro de uma revolta popular que causou desordens
e violências e levou à queda do regime do presidente Jean-Bertrand Aristide, atualmente
em exílio na África do Sul. Até 7 de fevereiro de 2006, o país fora administrado por
um governo “ad ínterim”. Em seguida, foram realizadas eleições presidenciais que,
entre muitos protestos e acusações de fraude, deram a vitória Réné Préval. Atualmente,
no Haiti está presente uma missão da ONU para a reconciliação nacional, guiada pelo
Brasil, mas a população é extremada, com 80% dos habitantes que vive com menos de
dois dólares ao dia.
Sobre essa dramática situação fala o arcebispo de Cap-Haitien,
Dom Louis Kébreau, e presidente dos bispos locais. Em uma entrevista concedida à agência
Apic, o prelado afirma: “Nos encontramos ainda num túnel, enquanto os políticos fazem
somente bonitas promessas. São muitos aqueles que fogem clandestinamente a bordo de
barcos, pagando ingentes somas a pessoas sem escrúpulos”.
O bispo recorda em
seguida as muitas catástrofes naturais que atingiram o Haiti, como os furações Fay,
Gustav, Hanna e Ike, que causaram “uma grande perda de vidas humanas, destruíndo as
culturas locais”.
Hoje, seria necessário o reflorestamento, continua Dom Kébreau,
pois “para obter a madeira as pessoas cortam as árvores, mas como não tem dinheiro
para a replantá-las quando chegam as chuvas nada consegue deter as águas”. A situação
se revela ainda mais difícil nas áreas rurais onde, afirma o prelado, “faltam estradas,
água potável, eletricidade e esgoto”. Todavia, reafirma o presidente dos bispos haitianos,
“Haiti não está em guerra. Este país tem somente necessidade de soluções estáveis
para o seu desenvolvimento”.
Fundamental, então, neste contexto, a ajuda da
Igreja que “muitas vezes é a única a intervir – sublinha Dom Kébreau -. No dia 8 de
dezembro de 2007 – continua o prelado - lançamos o movimento “A Igreja do Haiti em
missão” e trabalhamos nas escolas, nas paróquias, organizando projetos de desenvolvimento,
de educação e de saúde no meio rural e nos bairros populares das cidades”.
O
apelo final é para que se coloquem em prática os ensinamentos do Evangelho, evitando
toda forma de individualismo, “porque é no coração da miséria que devemos buscar a
esperança”, finaliza o bispo. (SP)