La Paz, 19 fev (RV) - A detenção na quarta-feira, 17, de pelo menos doze opositores
e a acusação de "desacato civil" marcaram o ressurgimento da tensão entre o governo
boliviano e a oposição em alguns distritos.
Os incidentes aconteceram um dia
depois de o governo dar início a um processo de ampliação de autonomias regionais,
previsto na recentemente promulgada Constituição "Plurinacional e Socialista".
A
detenção coletiva aconteceu durante a madrugada, no Departamento de Pando, ampliando
o número de pessoas processadas pelo massacre de agricultores seguidores do presidente
Evo Morales, ocorrido em setembro do ano passado.
A Conferência Episcopal
Boliviana emitiu um comunicado para informar que respalda a voz da Igreja Católica
em Pando, a propósito das detenções realizadas durante a madrugada de quarta-feira.
"Em sintonia com Dom Luis Morgan Casey, Vicário Apostólico de Pando, rechaçamos
todo atentado contra os direitos humanos e liberdades fundamentais das pessoas" –
lê-se na nota.
O episcopado recorda que na Bolívia estão em vigor o estado
de direito e normas legais para assegurar procedimentos mais adequados em relação
à Justiça, portanto "nada pode justificar os métodos utilizados nestes fatos".
A
Conferência Episcopal pede, por fim, que as autoridades garantam a integridade dos
detidos e a legalidade nas ações de investigação e esclarecimento das responsabilidades.
Redes
de rádio disseram que policiais vasculharam várias casas na capital de Pando, Cobija,
e no pequeno povoado de Porvenir, onde aconteceu o massacre, no qual o principal acusado
é o ex-governador regional, Leopoldo Fernández.
"Pela manhã, os detidos foram
levados de avião a La Paz, em meio a gritos e choro desesperado dos familiares", disse
a rádio Erbol.
Entre os detidos, estão o prefeito de Porvenir e um ex-assessor
de imprensa de Fernández, que acabam de voltar do Brasil, onde tinham se refugiado
depois do que aconteceu em setembro. (BF)