2009-02-17 12:58:57

CONGRESSO VATICANO SOBRE GENÉTICA: "NEM TUDO O QUE RELUZ É OURO"


Cidade do Vaticano, 17 fev (RV) - Realizou-se esta manhã, na Sala de Imprensa da Santa Sé, a coletiva de imprensa para a apresentação do Congresso internacional "As novas fronteiras da genética e o risco da eugenética". O evento será realizado nos dias 20 e 21 de fevereiro, promovido pela Pontifícia Academia para a Vida.

"Nem tudo o que reluz é ouro" – esta foi a expressão utilizada na coletiva de imprensa pelo presidente da Pontifícia Academia, Arcebispo Rino Fisichella, para resumir este tema "de grande atualidade". De fato, afirmou ele, toda conquista científica traz sempre consigo o olhar de Jano com duas cabeças, que mostra a beleza e, ao mesmo tempo, a tragicidade.

Para o arcebispo, o perigo de que a genética perca seu rumo não é somente teórico, mas pertence a uma mentalidade que tende, lentamente, mas inexoravelmente, a difundir-se.

O termo eugenética, o aperfeiçoamento da reprodução humana, parece relegado ao passado, mas não é bem assim – advertiu Dom Fisichella. A finalidade deste Congresso é justamente verificar se dentro da pesquisa genética estão presentes aspectos que tendem e aplicam de fato uma ação eugenética.

Dom Fisichella afirmou que o risco é incluir na pesquisa científica um juízo ético em nome de uma "normalidade" de vida a oferecer aos indivíduos. Esta mentalidade redutiva, mas presente, tende a considerar que existam pessoas que têm menos valor do que outras, seja por causa de sua condição de vida, como pobreza ou falta de instrução, seja por causa de sua condição física, como por exemplo os portadores de deficiências, os doentes psíquicos, as pessoas em "estado vegetativo", as pessoas anciãs com graves patologias.

A preocupação, portanto, é que nunca se esqueça a unidade fundamental de cada pessoa, que nunca pode ser reduzida somente à esfera material. "Certamente, a pesquisa para oferecer alívio a cada pessoa pode crescer e progredir, mas, ao mesmo tempo, é preciso que a consciência ética também cresça e progrida. Sem esta consciência ética, toda conquista científica será sempre e somente parcial, nunca destinada plenamente a cada pessoa no seu desejo de uma vida plenamente humana e, justamente por isso, aberta e sempre propensa a uma transcendência que a ultrapassa e a envolve."

Em dois dias de congresso, cientistas provenientes de diversas universidades vão tratar o tema a partir de diferentes perspectivas, da Biomedicina, à Filosofia, da Teologia à Sociologia. (BF)







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