PAPA ALENTA TRABALHO DA FUNDAÇÃO JOÃO PAULO II PARA O SAHEL
Cidade do Vaticano, 16 fev (RV) - O secretário de Estado, Card. Tarcisio Bertone,
enviou uma mensagem aos participantes em Uagadugu, Burkina Fasso, do evento que comemora
os 25 anos da Fundação João Paulo II para o Sahel.
O cardeal recorda que a
Fundação, nesses 25 anos, ofereceu uma ajuda permanente à Igreja Católica na luta
contra a seca, a fome e a desertificação – males que prejudicam uma vida digna para
as populações.
O Secretário de Estado recorda o "gesto profético" de João
Paulo II, que permitiu aos cristãos trabalharem em colaboração com muçulmanos e pessoas
da religião tradicional africana, em benefício de todos, sem distinção.
"O
Papa Bento XVI agradece a Deus pelo trabalho desempenhado nesses 25 anos e invoca
o Senhor para que a generosidade de todos permita à Fundação prosseguir eficazmente
sua luta contra os males que, nos países do Sahel, impende às populações alcançarem
um desenvolvimento autêntico" – escreve o Card. Bertone.
Ele conclui afirmando
que a viagem que o Santo Padre realizará no mês de março, assim como a II Assembléia
Especial para a África do Sínodo dos Bispos, são sinais eloqüentes do importante lugar
ocupado pelo continente africano na vida da Igreja universal e do afeto especial que
o Papa Bento XVI nutre por toda a África. De Uagadugu, o secretário do Pontifício
Conselho “Cor Unum”, Mons. Karel Kasteel, que há 15 anos é o Observador da Santa Sé
junto à Fundação, explicou as razões que levaram o papa João Paulo II a criar, 25
anos atrás, a Fundação para o Sahel:
“Logo após sua eleição, o Papa João Paulo
II decidiu visitar, primeiramente os países mais pobres, e certamente, os nove países
do Sahel estão entre os mais pobres do mundo. Não possuem recursos naturais, seus
colonizadores não se preocuparam muito com isso, e sua realidade climática é muito
dura. A água é pouca, e mal chega, já desaparece. Portanto, é necessário construir
cisternas, poços, fazer tantas obras, assim como se faz na Europa e em outros continentes.
Mas para um esforço tão gigantesco, em prol de 150 milhões de pessoas, precisamos
estar unidos. O papa quis dar um exemplo de colaboração entre cristãos, muçulmanos
e animistas, e isso significou um grande sucesso, pois hoje, nestes nove países, a
Fundação goza de um enorme prestígio”.
Mons. Kasteel explica a especificidade
da Fundação João Paulo II para o Sahel:
“Em primeiro lugar, o papa estabeleceu
que as decisões seriam tomadas localmente; ou seja, os nove bispos administradores
– que representam os nove países – decidem sobre o destino das verbas, as prioridades,
e o que é mais importante a longo prazo, quando se trata de projetos de desenvolvimento.
Assim sendo, não há imposições européias ou americanas. A Fundação tem sua sede operativa
extra-territorial em Uagadugu – cidade com 2 milhões de habitantes – enquanto a sede
legal se encontra no Pontifício Conselho Cor Unum, no Estado da Cidade do Vaticano.
Outra característica da Fundação é que as três maiores religiões do Sahel trabalham
juntas, e contam com a colaboração de grandes especialistas israelenses no campo hídrico.
Em Israel, como sabemos, foi desenvolvida a técnica da ‘gota a gota’; isto é, com
pouca água, pode-se criar, do deserto, grandes extensões de terreno para o cultivo,
já que um dos objetivos da Fundação é encontrar meios para combater a desertificação".
O secretário do Pontifício Conselho “Cor Unum”, Mons. Karel Kasteel, revela
os resultados concretos obtidos pela Fundação:
“Os resultados são muitos.
Foram oferecidas várias bolsas de estudo, e muitos jovens e adultos, puderam estudar,
de modo especial, as técnicas necessárias de ajuda aos habitantes locais. Os resultados
são visíveis a quem visita a África. Por exemplo, eu fui a diversos lugares, desde
as hortas da periferia da capital de Mali, Bamako, onde as mulheres cultivam legumes
e aquilo de que suas famílias precisam... e tantos outros lugares, como por exemplo,
as Ihas de Cabo Verde, onde foram construídas cacimbas para recolher a água. Antes,
as pessoas caminhavam quilômetros a pé, sob o sol, e hoje, começam a ter a água perto
de suas casas”. (CM/BF)