DOM HÉLDER CÂMARA RECORDADO EM MILÃO COMO "O BISPO DAS FAVELAS"
Milão, 14 fev (RV) - "Era um sonhador. Queria uma Igreja pobre, serva e livre":
com essas palavras de Pe. Bartolomeo Sorge, ex-diretor da revista dos jesuítas italianos
"Civilità Cattolica", foi recordado esta manhã, no âmbito de um congresso em sai homenagem,
na Universidade Católica de Milão, norte da Itália, Dom Hélder Câmara, o "bispo das
favelas", no centenário de seu nascimento.
"Durante os trabalhos do Concílio
Vaticano II – disse o bispo emérito de Ivrea, Itália, Dom Luigi Bettazzi – Dom Hélder
permanecia silencioso, na sala. Não tomou a palavra, mas era muito ativo nas reuniões
realizadas à margem do Concílio, para angariar consensos para suas ideias, entre as
quais, a de exortar os bispos a um empenho para acabar com a pobreza e promover o
desenvolvimento.
O "bispinho" – era outro apelido de Dom Câmara – recebeu o
prêmio Alternativo da Paz em 1974, em contraposição ao Nobel da Paz, atribuído, no
ano precedente, a Henry Kissinger, revelou Pe. Venanzio Milani, enquanto Pe. Gino
Rigoldi, capelão do cárcere de menores "Beccaria", de Milão, recordou seu encontro
com Dom Hélder, no Brasil.
"Foi um intrépido defensor dos pobres, colocando
em risco a própria vida – disse Pe. Rigoldi – e, usando como armas as palavras do
Evangelho, lutou pela não-violência e em favor da justiça."
O congresso foi
organizado pelo Centro Internacional Dom Hélder Câmara, em colaboração com a Faculdade
de Ciência Políticas, da Universidade Católica de Milão. O evento prosseguiu durante
a tarde, com intervenções de membros da Igreja e políticos, não somente italianos,
mas também da África. (AF)