2009-02-13 12:39:31

SAHEL: MAPA DA POBREZA COINCIDE COM MAPA DA SEDE


Uagadugu, 13 fev (RV) - Mais de 200 projetos financiados em 2008; mais de dois milhões de dólares, nesse mesmo ano, para combater a seca e a desertificação em nove países. Este é o balanço da Fundação João Paulo II para o Sahel, que utiliza verbas destinadas diretamente pelo papa, através do Pontifício Conselho Cor Unum, além de ofertas e contribuições diretas.

A Fundação trabalha para melhorar as condições de vida dos habitantes de Burquina-Fasso, Níger, Mali, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Mauritânia, Senegal, Gâmbia e Chade. Desde sua criação, em 22 de fevereiro de 1984, já distribuiu mais de 40 milhões de dólares em projetos para oferecer acesso à água, recuperar terrenos agrícolas, propiciar instrução e formação.

O Conselho de Administração da Fundação está reunido esta semana, em Uagadugu, Burquina-Fasso, debatendo o tema: “Com os mais pobres para uma promoção humana solidária”. 25 anos após a sua fundação, o tema permanece atual. O problema da água é ainda mais grave e urgente, não apenas nas regiões desérticas do norte da África, mas em todo o planeta. Mais de 250 milhões de homens e mulheres são atingidos pelo fenômeno da desertificação e um bilhão de pessoas são ameaçadas. A carência do ‘ouro azul’ é uma das questões mais sérias que a humanidade enfrenta.

A Igreja não fica indiferente a este drama; está engajada no combate às suas causas e conseqüências: problemas de pobreza, de segurança alimentar, de saúde e subdesenvolvimento. A obra de sensibilização encontrou uma resposta eficaz na Convenção das Nações Unidas para o combate à desertificação nos países gravemente atingidos pela seca. Embora a Convenção esteja em vigor desde dezembro de 1996, ainda há muito o que fazer, principalmente na região do Sahel, território no qual vivem cerca de 54 milhões de pessoas. Desde a década de 70, as mudanças climáticas têm deteriorado sempre mais as condições do solo, já pobre e árido, enquanto o deserto continua a avançar em direção do sul, num ritmo de 15 km por ano.

A geografia da pobreza coincide com a geografia da sede: as pessoas que não têm acesso à água potável – um bilhão e duzentos milhões no mundo – e aos serviços higiênico-sanitários – 2,6 bilhões – vivem nas regiões mais pobres. No Sahel, a disponibilidade de água corresponde a menos de cinco litros diários por pessoa; e duas em cada três não têm acesso a serviços higiênicos.

Bento XVI, ao receber em audiência o Conselho de Administração da Fundação, disse que ela “tem crescido como uma obra da Igreja, mostrando através do apoio e da realização de numerosos projetos, que o amor ao próximo é um dever de toda crença, assim como de toda a comunidade eclesial, que se deve expressar com gestos concretos”.

Entretanto, os 28 países da comunidade dos Países do Sahel e do Sahara (CEN-SAD) pediram a criação de um fundo para combater a pobreza no norte da África. Os representantes adotaram a proposta apresentada pela Organização para a Agricultura e a Alimentação, FAO, durante a XVII sessão do Conselho Executivo, realizada nos últimos dias em Rabat, Marrocos.

O comunicado divulgado após o encontro destaca que é urgente enfrentar os problemas da segurança alimentar e da administração de recursos naturais e hídricos para o desenvolvimento econômico e social da região. O Conselho se pronunciou também sobre a situação política no Oriente Médio, pedindo a abertura de um inquérito internacional independente sobre os recentes acontecimentos em Gaza.

Fundada em 1998 em Trípoli, na Líbia, a CEN-SAD tem o objetivo criar uma área de livre comércio entre os 28 países membros do nordeste da África, do Marrocos ao Quênia. (CM)







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