Uagadugu, 13 fev (RV) - Mais de 200 projetos financiados em 2008; mais de dois
milhões de dólares, nesse mesmo ano, para combater a seca e a desertificação em nove
países. Este é o balanço da Fundação João Paulo II para o Sahel, que utiliza verbas
destinadas diretamente pelo papa, através do Pontifício Conselho Cor Unum, além de
ofertas e contribuições diretas.
A Fundação trabalha para melhorar as condições
de vida dos habitantes de Burquina-Fasso, Níger, Mali, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Mauritânia,
Senegal, Gâmbia e Chade. Desde sua criação, em 22 de fevereiro de 1984, já distribuiu
mais de 40 milhões de dólares em projetos para oferecer acesso à água, recuperar terrenos
agrícolas, propiciar instrução e formação.
O Conselho de Administração da
Fundação está reunido esta semana, em Uagadugu, Burquina-Fasso, debatendo o tema:
“Com os mais pobres para uma promoção humana solidária”. 25 anos após a sua fundação,
o tema permanece atual. O problema da água é ainda mais grave e urgente, não apenas
nas regiões desérticas do norte da África, mas em todo o planeta. Mais de 250 milhões
de homens e mulheres são atingidos pelo fenômeno da desertificação e um bilhão de
pessoas são ameaçadas. A carência do ‘ouro azul’ é uma das questões mais sérias que
a humanidade enfrenta.
A Igreja não fica indiferente a este drama; está engajada
no combate às suas causas e conseqüências: problemas de pobreza, de segurança alimentar,
de saúde e subdesenvolvimento. A obra de sensibilização encontrou uma resposta eficaz
na Convenção das Nações Unidas para o combate à desertificação nos países gravemente
atingidos pela seca. Embora a Convenção esteja em vigor desde dezembro de 1996, ainda
há muito o que fazer, principalmente na região do Sahel, território no qual vivem
cerca de 54 milhões de pessoas. Desde a década de 70, as mudanças climáticas têm deteriorado
sempre mais as condições do solo, já pobre e árido, enquanto o deserto continua a
avançar em direção do sul, num ritmo de 15 km por ano.
A geografia da pobreza
coincide com a geografia da sede: as pessoas que não têm acesso à água potável – um
bilhão e duzentos milhões no mundo – e aos serviços higiênico-sanitários – 2,6 bilhões
– vivem nas regiões mais pobres. No Sahel, a disponibilidade de água corresponde a
menos de cinco litros diários por pessoa; e duas em cada três não têm acesso a serviços
higiênicos.
Bento XVI, ao receber em audiência o Conselho de Administração
da Fundação, disse que ela “tem crescido como uma obra da Igreja, mostrando através
do apoio e da realização de numerosos projetos, que o amor ao próximo é um dever de
toda crença, assim como de toda a comunidade eclesial, que se deve expressar com gestos
concretos”.
Entretanto, os 28 países da comunidade dos Países do Sahel e do
Sahara (CEN-SAD) pediram a criação de um fundo para combater a pobreza no norte da
África. Os representantes adotaram a proposta apresentada pela Organização para a
Agricultura e a Alimentação, FAO, durante a XVII sessão do Conselho Executivo, realizada
nos últimos dias em Rabat, Marrocos.
O comunicado divulgado após o encontro
destaca que é urgente enfrentar os problemas da segurança alimentar e da administração
de recursos naturais e hídricos para o desenvolvimento econômico e social da região.
O Conselho se pronunciou também sobre a situação política no Oriente Médio, pedindo
a abertura de um inquérito internacional independente sobre os recentes acontecimentos
em Gaza.
Fundada em 1998 em Trípoli, na Líbia, a CEN-SAD tem o objetivo criar
uma área de livre comércio entre os 28 países membros do nordeste da África, do Marrocos
ao Quênia. (CM)