Cidade do Vaticano, 11 fev (RV) – Bento XVI encontra-se reunido, neste momento,
na Sala Paulo VI, no Vaticano, com milhares de fiéis e peregrinos, de diversas partes
do mundo, para a audiência geral de quarta-feira.
Em sua catequese de hoje,
o Papa iniciou uma nova série de reflexões. Depois do longo ciclo dedicado à pessoa
de São Paulo Apóstolo, Bento XVI começou a falar sobre os grandes Escritores Eclesiásticos
da Idade Média, iniciando com São João Clímaco.
São João Clímaco viveu
nas montanhas do Sinai como eremita e monge, numa época de profunda crise, por causa
das invasões dos bárbaros. Sua vida se caracterizou por um intenso amor a Deus e aos
irmãos.
João Clímaco escreveu um tratado de vida espiritual intitulado “A escalada
do Paraíso”, no qual descreve o caminho que um monge deve percorrer, desde a renúncia
do mundo até a perfeição do Amor.
Na primeira fase, trata da ruptura com o
mundo, para voltar ao estado da infância espiritual. Depois, a luta espiritual contra
as paixões para atingir as virtudes. Na última etapa da perfeição cristã, a alma,
ao alcançar o estado de serenidade, se prepara para a oração do corpo e do coração.
O
autor do tratado conclui com a apresentação das três virtudes teologais, fé, esperança
e caridade, ressaltando, com São Paulo, a primazia da caridade sobre as demais virtudes.
Mas
qual a atualidade desta obra? Segundo o papa, trata-se de um símbolo profético que
revela o que é a vida do batizado, em comunhão com Cristo, com a sua morte e ressurreição.
Para o pontífice, é significativo o fato de que os últimos degraus sejam, ao mesmo
tempo, as virtudes fundamentais, iniciais, mais simples: a fé, a esperança e a caridade.
"Essas virtudes não são acessíveis somente a heróis morais, mas são dom de
Deus a todos os batizados. O início é também final, o ponto de partida é também o
ponto de chegada: todo caminho vai sempre em uma direção mais radical de realização
de fé, esperança e caridade."
O pontífice acrescentou que a fé é fundamental,
porque implica que eu renuncie à minha arrogância, ao meu pensamento; à pretensão
de julgar sozinho, sem confiar nos outros.
Este caminho rumo à humildade é
necessário. É preciso, disse o papa, superar a atitude de arrogância que me faz afirmar:
eu sei mais agora no século XXI do que eles poderiam saber naquela época. "A nossa
alma pode crescer somente se confiarmos na Palavra de Deus" – concluiu Bento XVI. Ao
término da sua catequese, o Papa cumprimentou os presentes em nove línguas, entre
as quais o português:
"Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente
os de Portugal, das Paróquias de São Martinho de Lordelo do Ouro, Cristo Rei
de Santa Bárbara Gaia, Santa Eulália de Águeda e de Nossa Senhora de Lourdes de Coimbra.
A todos faço votos de uma feliz estadía na Cidade Eterna, e que este encontro com
o Sucessor de Pedro reforce os propósitos de unidade e de comunhão na única fé, em
Cristo Jesus Nosso Senhor. Que Deus vos abençoe e vos ampare, pela intercessão da
Virgem de Fátima". (MT/BF)