PAPA ALERTA BRASIL PARA A EXISTÊNCIA DE DUAS POBREZAS: MATERIAL E MORAL
Cidade do Vaticano, 09 fev (RV) - Bento XVI recebeu nesta segunda-feira o novo
embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Luiz Felipe de Seixas Corrêa, para a apresentação
de suas credenciais.
Em seu discurso, o papa falou que esta ocasião lhe oferece
a oportunidade de reiterar seu "sincero afeto e a ampla estima" que nutre pelo Brasil.
Em especial, o pontífice recordou a visita pastoral realizada ao Brasil em 2007, para
presidir a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, bem como
os encontros com o Presidente Lula, tanto em São Paulo, como mais recentemente em
Roma.
Bento XVI falou ainda dos objetivos, seja da Igreja, na sua missão de
natureza religiosa e espiritual, seja do Estado, que, apesar de distintos, confluem
num ponto de convergência: o bem da pessoa humana e o bem comum da Nação. "O Brasil
é um país que conserva na sua grande maioria a fé cristã legada, desde as origens
do seu povo, pela evangelização enraizada há mais de cinco séculos" – afirmou.
Para
o pontífice, existe convergência de princípios, tanto da Sé Apostólica quanto do governo
brasileiro, no que diz respeito às ameaças à paz mundial, quando esta se vê afetada
pela ausência da visão de respeito ao próximo em sua dignidade humana. E citou o recente
conflito no Oriente Médio, que prova a necessidade de apoiar todas as iniciativas
destinadas a resolver pacificamente as divergências, fazendo votos de que o governo
brasileiro prossiga nesta direção.
Ainda sobre a conjuntura internacional,
Bento XVI afirma que o Brasil vem se tornando um fator de estímulo ao desenvolvimento
em áreas limítrofes e em vários países do continente africano, promovendo iniciativas
contra a pobreza e o despreparo tecnológico.
Falando sobre a situação brasileira,
o papa mencionou duas pobrezas: material e moral. Quanto à pobreza material, Bento
XVI encoraja o governo a prosseguir na política de redistribuição da renda, para fortalecer
a justiça social para o bem da população.
Sobre a pobreza moral, o pontífice
alertou para o perigo do consumismo e do hedonismo, que, aliado à falta de sólidos
princípios morais que norteiam a vida do simples cidadão, torna vulnerável a estrutura
da sociedade e da família brasileiras.
"Por isso, nunca é demais insistir
na urgência de uma sólida formação moral a todos os níveis, inclusive no âmbito político,
face às constantes ameaças geradas pelas ideologias materialistas ainda reinantes
e, particularmente, à tentação da corrupção na gestão do dinheiro público e privado"
– afirmou. A este fim, acrescentou, o cristianismo pode proporcionar uma válida contribuição,
por ser "uma religião de liberdade e de paz e estar a serviço do verdadeiro bem da
humanidade".
Por fim, o papa recordou o recente Acordo que define o estatuto
jurídico civil da Igreja Católica no Brasil. "A fé e a adesão a Jesus Cristo impõem
aos fiéis católicos, também no Brasil, tornarem-se instrumentos de reconciliação e
de fraternidade, na verdade, na justiça e no amor. Faço votos, assim sendo, de ver
ratificado este Documento solene a fim de que a organização eclesiástica da vida entre
os católicos se veja agilizada e alcance alto grau de eficiência" – concluiu. (BF)