Caracas, 05 fev (RV) - Três bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas ontem
contra a sede da Nunciatura Apostólica de Caracas, no sétimo ataque contra as instalações
dos representantes diplomáticos do Vaticano no país.
A última agressão ocorreu
no dia 19 de janeiro, quando um grupo paramilitar autodenominado ‘La Piedrita’, que
apóia o governo, assumiu a autoria de atentados contra a Nunciatura, a casa do empresário
Marcel Granier, diretor do canal de televisão RCTV, e a Universidade Central da Venezuela.
De
acordo com o canal Globovisión, no episódio de ontem apenas uma das bombas atingiu
o edifício, enquanto as outras duas explodiram na calçada. Os autores do atentado
não foram identificados.
Os ataques têm se intensificado na Venezuela às vésperas
do referendo de aprovação da emenda constitucional que poderá instaurar no país a
reeleição ilimitada. A votação ocorre no dia 15.
A nova agressão à Nunciatura
coincidiu com uma coletiva de imprensa da presidência da Conferência Episcopal Venezuelana
(CEV), que novamente rechaçou a proposta de emenda constitucional em votação no dia
15. A emenda permitiria aos políticos eleitos pelo voto popular reelegerem-se infinitamente.
O governo apóia a aprovação, e a oposição a rechaça.
Entretanto, o Departamento
“Juventude e Pastoral universitária” da Venezuela difundiu um comunicado a toda a
comunidade universitária do país sobre os episódios violentos ocorridos recentemente
nas universidades e em marchas estudantis.
Os membros da Pastoral recordam
a Exortação dos bispos da Venezuela sobre a situação do país e a renovação ética.
O documento afirma que todos os cristãos devem se comprometer seriamente com a criação
de um clima nacional de convivência e solidariedade. Os signatários exigem das autoridades
o respeito dos direitos humanos e a proteção para todos os cidadãos, de modo especial
os universitários. “Protestar civil e pacificamente – afirmam – é um direito constitucional
reconhecido universalmente”.
O comunicado se encerra recordando que o país
deseja a paz, “que pode ser obtida somente com o respeito das diversidades, a defesa
absoluta da vida, a liberdade entendida como valor primordial e o exercício da verdadeira
justiça”. E enfim, criticam os atentados violentos contra diversas instituições, como
a nunciatura apostólica, e os ataques ao Cardeal Jorge Liberato Urosa Savino: “Tais
episódios indignam e entristecem o país venezuelano, que deseja viver em paz e democracia”.