A eutanásia é uma falsa solução, não digna do homem. Diante de Deus, nenhuma lágrima
se perde: Bento XVI, ao Angelus. E pede orações pelas vocações consagradas
“A eutanásia é uma falsa solução ao drama do sofrimento, é uma solução que não é digna
do homem” – sublinhou Bento XVI domingo ao meio-dia, na Praça de São Pedro. O Papa
comentava o tema da “Jornada para a Vida”, promovida pela Conferência Episcopal Italiana,
tendo como tema “a força da vida no sofrimento”. Bento XVI começou por comentar
o Evangelho do dia, observando que “Jesus não só expulsa os demónios das pessoas,
libertando-as da pior escravidão, mas proíbe aos próprios demónios de revelarem a
sua identidade”. Trata-se de “uma singular característica” do Evangelho de São Marcos,
proposto ao longo deste ano, isto é, o chamado “segredo messiânico”: de momento Jesus
não quer, que se saiba, fora do grupo restrito dos discípulos, que Ele é o Cristo,
o Filho de Deus. Jesus “insiste sobre este segredo porque está em jogo o êxito da
sua missão”. “De facto, Ele sabe que para libertar a humanidade do domínio do pecado,
deverá ser sacrificado sobre a cruz como o verdadeiro Cordeiro pascal”. “O diabo,
por sua vez, procura dissuadi-lo, encaminhando-o antes para a lógica humana de um
Messias potente e cheio de sucesso. A cruz de Cristo será a ruína do diabo. É por
isso que Jesus não se cansa de ensinar aos seus discípulos que para entrar na sua
glória deve sofrer muito, ser recusado, condenado e crucificado, uma vez que
o sofrimento faz parte integrante da sua missão. / Jesus sofre e morre na cruz por
amor”. “Vendo bem as coisas – prosseguiu o Papa – foi assim que Jesus deu sentido
ao nosso sofrimento, sentido que muitos homens e mulheres de cada época entenderam
e fizeram seu, fazendo experiência de profunda serenidade mesmo na amargura de duras
provações físicas e morais”. Uma observação que o conduziu ao tema desta “Jornada
pela Vida”: “a força da vida no sofrimento”. Uma “mensagem” na qual (observou) “se
adverte o amor dos Pastores pela gente, e a coragem de anunciar a verdade”: “a coragem
de dizer com clareza, por exemplo, que a eutanásia é uma falsa solução ao drama do
sofrimento, uma solução indigna do homem. De facto, a verdadeira resposta não pode
ser dar a morte, ainda que doce, mas sim testemunhar o amor que ajuda a enfrentar
a dor e a agonia de modo humano. Estejamos disto certos: nenhuma lágrima, nem de quem
sofre, nem de quem lhe está próximo, se perde diante de Deus”. E o Papa concluiu
a alocução antes do Angelus, confiando a Nossa Senhora, “as pessoas que se encontram
no sofrimento e quem se empenha dia a dia a seu favor, servindo a vida em todas as
suas fases”. Dos pais aos agentes de saúde, dos padres e religiosos aos investigadores
e voluntários.
Depois das Ave Marias, Bento XVI recordou a celebração, nesta
segunda 2 de Fevereiro, da festa litúrgica da Apresentação de Jesus no Templo, momento
em que “se manifesta a consagração de Jesus a Deus Pai, e, ligada a essa, a da Virgem
Maria”. Uma data que João Paulo II quis que fosse celebrada como a “Jornada das
pessoas consagradas”. Em Roma, no final da Missa que terá lugar, como habitualmente,
às cinco da tarde, na basílica de São Pedro, celebrada pelo Prefeito da Congregação
para os Institutos de Vida Consagrada, o próprio Papa dirigirá uma saudação aos presentes. “Convido
todos a dar graças ao Senhor pelo precioso dom destes irmãos e irmãs, e a pedir-Lhe,
por intercessão de Nossa Senhora, muitas novas vocações, na variedade dos carismas
de que é rica a Igreja”- concluiu o Papa.