Cidade do Vaticano, 31 jan (RV) - Trinta anos atrás, o Papa João Paulo II,
realizava a sua primeira peregrinação apostólica internacional. O Santo Padre II foi
ao México para a abertura da 3ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina
e do Caribe que se realizou na cidade de Puebla.
A Terceira Conferência Geral
do Episcopado Latino-Americano fora convocada por Paulo VI que apontou como documento
de referência para o encontro a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, de 1975,
na qual ele analisava o que é evangelizar, qual é o conteúdo da evangelização, quem
são os destinatários da evangelização, quem são seus agentes e que espírito deve presidi-la.
Por isso Puebla teve como preocupação básica: o que é evangelizar, hoje e amanhã,
na América Latina?
Uma das perguntas dos bispos delegados em Puebla era: “Vivemos
de fato o Evangelho de Cristo em nosso continente?” Apesar de reconhecer a existência
de grande heroísmo oculto e muita santidade silenciosa, confessavam que o Cristianismo,
que traz consigo a originalidade do amor, nem sempre é praticado em sua integridade
nem mesmo por nós cristãos. Os bispos atentam então para o fenômeno da desigualdade
e da injustiça na América Latina, que gera uma situação de “pobreza desumana em que
vivem milhões de latino-americanos”.
Aos imensos desafios à evangelização,
que busca promover o encontro com Cristo para transformar um contexto de marginalização,
de desrespeito aos direitos humanos, desagregação familiar e dos demais valores cristãos,
os bispos pedem que se veja o rosto concreto do povo peregrino que sofre.
Assim
nasce a opção preferencial pelos pobres exigida pela escandalosa realidade dos desequilíbrios
econômicos da América Latina. É necessária a mudança das estruturas sociais, políticas
e econômicas injustas.
Nasce também a opção preferencial pelos jovens que implica
apresentar a eles “o Cristo vivo, como único Salvador, para que, evangelizados, evangelizem
e contribuam para a libertação integral do homem e da sociedade, levando uma vida
de comunhão e participação.
Puebla é mais do que um encontro e documento. Puebla
é o divisor de águas que coloca no centro da atenção da Igreja os pobres e os jovens
latino-americanos. Com Puebla vem à luz mais um momento da caminhada da Igreja Católica
em busca de justiça, de uma sociedade mais justa e da superação das gritantes desigualdades
sociais na América Latina.