DEBATE SOBRE A DIFUSÃO DA OBRA DE GANDHI, A 61 ANOS DA SUA MORTE
Nova Délhi, 30 jan (RV) – A Índia recorda, nesta sexta-feira, os 61 anos do
assassinato do "Pai da nação" – Mohandas Karamchand Gandhi – em meio a debates acadêmicos
sobre a difusão do pensamento de Gandhi, uma vez que se tornou de domínio público.
Como
todos os anos, centenas de pessoas reuniram-se no Parque Rajghat, onde descansam os
restos mortais do "Mahatma" (que significa "grande alma"), para prestar tributo, com
flores, ao líder do movimento de desobediência civil que desembocou na independência
da Índia.
De acordo com a agência de notícias IANS, acudiram ao mausoléu a
presidente do país, Pratibha Patil, o vice-presidente, Hamid Ansari, e a presidente
do partido no governo, Sonia Gandhi, assim como o líder da oposição, L.K. Advani.
Transcorreram
mais de 60 anos desde que o "Mahatma Gandhi" foi assassinado por um integrista hinduísta,
que fingiu querer servi-lo, só para se aproximar dele e disparar-lhe à queima roupa.
Em 1º de janeiro passado, a Editora Navajivan Trust perdeu a exclusividade dos direitos
autorais sobre os escritos de Gandhi, em virtude das leis da Índia.
O fato
de sua obra ter passado ao domínio público, fez com que os intelectuais decidissem
debater se seria conveniente que o governo interviesse para proteger sua obra, ou
deixar que ela possa ser publicada por qualquer editora.
O secretário da Fundação
Memorial Gandhi, Ramachandra Rahi, opinou que "todos os estudiosos têm o direito de
interpretar o original das obras de Gandhi", mas "ninguém tem o direito de interferir
no texto original".
Para o erudito gandhiano Dina Patel, "as autoridades deveriam
criar um mecanismo capaz de proteger e preservar, de forma responsável" o legado dos
escritos de Gandhi.
Tanto em sua autobiografia como em suas cartas e reflexões,
Gandhi trouxe à tona o antigo conceito indiano do "ahimsa" (não violência) e cunhou
o termo "satyagraha" (luta pela verdade), em seu intento de dar um corpo ideológico
sólido, natural e espontâneo ao movimento pela independência.
Nascido no dia
2 de outubro de 1869, na localidade portuária de Porbandar, na atual região ocidental
de Gujarat, Gandhi – que pertencia à casta dos "vaisya", a terceira das quatro existentes
no sistema de castas indiano – liderou um dos maiores movimentos de massas da história
da humanidade, exigindo – pacificamente – o fim do jugo colonial.
Sua honestidade
e tolerância são reconhecidas até mesmo por seus maiores críticos, alguns dos quais
atribuem a ele e às suas ideias autárquicas, o atraso no progresso da Índia pós-independência.
(AF)