«Reconciliação» com Galileu no Ano da Astronomia :“Os tempos estão maduros
para uma nova consideração sobre a figura de Galileu e todo o seu caso”
(29/1/2009) Depois da releitura do processo a Galileu Galilei, desejado por João Paulo
II, para a Igreja Católica os tempos são já maduros para uma nova consideração da
figura de Galileu e do inteiro caso Galilei. Afirmou o presidente do Conselho pontifício
para a cultura o arcebispo Gianfranco Ravasi que, apresentando na manhã desta quinta
feira na Sala de Imprensa da Santa Sé o Convénio do Instituto Stensen “ O Caso Galilei”.
Uma releitura histórica, filosófica e teologica, programado em Florença de 26 a
30 de Maio, explica que a Igreja se apresenta no ano mundial da astronomia com a
consciência de ter já percorrido a propósito um longo caminho de reflexão. De facto,
acrescentou : já o Concilio Vaticano II com uma referencia explicita a Galileu tinha
deplorado certas atitudes mentais, que ás vezes não faltaram tão pouco entre os cristãos,
derivados do facto de não terem percebido suficientemente a legitima autonomia da
ciência. Sucessivamente – recordou o arcebispo Ravasi – João Paulo II instituiu em
1981 uma Comissão para reexaminar a fundo o Caso Galileu e remover os obstáculos
que este caso colocava para um confronto sereno entre a ciência e a fé.. A Comissão,
chefiada na sua ultima etapa pelo Cardeal Paulo Poupard teve a coragem de reconhecer
os erros dos juízes de Galileu, os quais, incapazes de dissociar a fé de uma cosmologia
milenária, pensaram, sem razão que a aceitação da revolução copernicana , aliás ainda
não aprovada definitivamente, fosse de tal natureza ao ponto de fazer vacilar a tradição
católica e que portanto fosse seu dever proibir o seu ensinamento.. Foi reconhecido
portanto um erro subjectivo de juízo, por causa do qual . sublinhou D. Gianfranco
Ravasi, Galileu sofreu muito. Hoje, num clima mais sereno - são os votos do Presidente
do Conselho pontifício para a Cultura –podemos finalmente olhar para a figura de
Galileu e reconhecer o crente que tentou, no contexto do seu tempo, conciliar os resultados
das suas investigações cientificas com os conteúdos da fé cristã. Por isso Galileu
merece o nosso apreço e a nossa gratidão. A Santa Sé apresentou esta Quinta-feira
o seu programa de iniciativas para assinalar o ano da astronomia, em 2009, para além
do Congresso internacional sobre Galileu Galilei, que decorrerá em Florença de 26
a 30 de Maio Numa nota oficial, a Santa Sé explica que este ano representa “uma
importante ocasião de aprofundamento e diálogo”, pelo que diversos organismos da Cúria
Romana irão promover “manifestações, iniciativas e projectos que têm como objecto
a astronomia e a figura de Galileu”. Segundo o comunicado, “os tempos estão maduros
para uma nova consideração sobre a figura de Galileu e todo o seu caso”, lembrando
que já o Concílio Vaticano II tinha feito referência ao mesmo, defendendo a “legítima
autonomia da ciência”, e que João Paulo II instituiu em 1981 uma Comissão para reexaminar
a fundo o “Caso Galileu”, que veio a reconhecer “os erros do juízes”. “A Igreja
vive este ano com a consciência de que já cumpriu, a este respeito, um longo caminho
de reflexão”, assegura a Santa Sé, que fala “num clima mais sereno”. “Podemos
olhar finalmente para a figura de Galileu e reconhecer o crente que tentou, no contexto
do seu tempo, conciliar os resultados das suas investigações científicas com os conteúdos
da fé cristã. Por isso, Galileu merece todo o nosso apreço e gratidão”, pode ler-se.
No 400.º aniversário das primeiras descobertas astronómicas, a Santa Sé lembra
que “Galileu foi o primeiro homem que apontou um telescópio para o céu, experimentando
uma sensação nova de maravilhamento”. “A Igreja deseja, por isso, honrar a figura
de Galileu, genial inovador e filho da Igreja”, assinala a nota oficial.