PAPA RECORDA OS 50 ANOS DO ANÚNCIO DO CONCÍLIO VATICANO II
Cidade do Vaticano, 26 jan (RV) - Bento XVI presidiu na tarde de ontem, na
Basílica de São Paulo Fora dos Muros, as II Vésperas da Solenidade da Conversão de
São Paulo, com a qual encerrou a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos no hemisfério
norte. Estavam presentes na Basílica representantes anglicanos, luteranos e do patriarcado
ortodoxo de Constantinopla.
Na homilia, o papa afirmou que a conversão de São
Paulo nos oferece o modelo e nos indica a estrada para caminhar rumo à plena unidade:
"De fato, a unidade requer uma conversão: da divisão à comunhão, da unidade ferida
à unidade restaurada e plena. Esta conversão é dom de Cristo ressuscitado, como aconteceu
com São Paulo".
Mas a conversão, recordou o papa, não depende somente de nós,
mas é um dom: é a comunhão com Cristo ressuscitado que nos doa a unidade.
O
tema da Semana foi extraído do livro do profeta Ezequiel: "Que formem uma só coisa
em tua mão" (Ez 37,17). Deste trecho, disse o pontífice, emerge uma verdade cheia
de esperança: Deus promete a seu povo uma nova unidade que deve ser sinal e instrumento
de reconciliação e de paz também no plano histórico, para todas as nações.
Bento
XVI explicou que a unidade que Deus doa à sua Igreja é a comunhão no sentido espiritual,
na fé e na caridade, mas esta unidade em Cristo é fermento de fraternidade também
no plano social, nas relações entre as nações e para toda a família humana.
"Lá
onde as palavras humanas se tornam impotentes, porque prevalece a trágica opressão
da violência e das armas, a força profética da Palavra de Deus não permanece em vão
e nos repete que a paz é possível, e que devemos ser instrumentos de reconciliação
e de paz."
Falando da Terra Santa, Bento XVI afirmou que é importante que
os fiéis que lá vivem, como também os peregrinos que a visitam, ofereçam a todos o
testemunho de que a diversidade de ritos e de tradições não deve constituir um obstáculo
ao respeito mútuo e à caridade fraterna, mas riqueza na multiplicidade.
O papa
concluiu a homilia recordando que em 25 de janeiro de 1959, exatamente cinqüenta anos
atrás, o bem-aventurado Papa João XXIII manifestou pela primeira vez o desejo de convocar
"um Concílio Ecumênico para a Igreja Universal".
Daquela providente decisão,
disse Bento XVI, nasceu uma fundamental ajuda ao ecumenismo: "Permanece aberto diante
de nós o horizonte da plena unidade. Trata-se de uma tarefa árdua, mas entusiasta
para os cristãos que querem viver em sintonia com a Oração do Senhor: 'a fim de todos
sejam um, para que o mundo creia'".