2009-01-24 12:02:51

PAPA RETIRA EXCOMUNHÃO A BISPOS DA FRATERNIDADE S. PIO X: NOTA DO DIRETOR-GERAL DA RÁDIO VATICANO


Cidade do Vaticano, 24 jan (RV) - O Santo Padre retirou a excomunhão aos quatro bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X consagrados por Dom Marcel Lefèbvre em 1988. O comunicado foi divulgado hoje pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

O pedido de remoção foi feito pela última vez por meio de uma carta em 15 de dezembro de 2008, escrita pelo superior-geral, Dom Bernard Fellay, em nome dos outros três bispos da Fraternidade excomungados 20 anos atrás, Dom Bernard Tissier de Mallerais, Dom Richard Williamson e Dom Alfonso del Gallareta.

Na carta de dezembro passado, Dom Bernard Fellay escreve: "Estamos sempre firmemente determinados na vontade de permanecer católicos e de colocar todas as nossas forças a serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja Católica Romana. Nós aceitamos os seus ensinamentos com ânimo filial. Nós acreditamos firmemente no Primado de Pedro e em suas prerrogativas e, por isso, a situação atual nos fez sofrer muito".

Segundo comunicado da Sala de Imprensa, "Bento XVI sempre tentou recompor a ruptura com a Fraternidade, inclusive encontrando pessoalmente Dom Bernard Fellay em 29 de agosto de 2005. Naquela ocasião, o Sumo Pontífice manifestou a vontade de proceder por graus e em tempos razoáveis neste caminho e agora, benignamente, mediante Decreto da Congregação para os Bispos de 21 de janeiro de 2009, retira a excomunhão que pesava sobre os mencionados prelados. Nesta decisão, o Santo Padre foi inspirado pelo auspício de que se chegue em breve à completa reconciliação e à plena comunhão".

Os quatro bispos foram excomungados latae sententiae (excomunhão automática) depois das consagrações episcopais feitas por Dom Marcel Lefèbvre, sem mandato pontifício, em 30 de junho de 1988.

Sobre a remoção da excomunhão aos bispos lefèbvrianos, eis a nota do diretor-geral da Rádio Vaticano:

Pe. Federico Lombardi:- "A Semana de oração pela unidade dos cristãos se conclui com uma bela notícia, que fazemos votos seja fonte de alegria em toda a Igreja. De fato, a remissão da excomunhão dos quatro bispos da Fraternidade de São Pio X é um passo fundamental para alcançar a reconciliação definitiva com o movimento iniciado e conduzido por Dom Lefèbvre. Para compreender o significado desse passo, recordemos as palavras de Bento XVI em sua carta de introdução ao Motu Proprio 'Summorum Pontificum', de 7 de julho de 2007, quando escreve que o olhar para o passado acerca das divisões que ao longo dos séculos dilaceraram o Corpo de Cristo faz pensar que foram muitas vezes as omissões da Igreja que deixaram consolidar as divisões. Por isso escrevia o papa: 'temos a obrigação de fazer todos os esforços, a fim de que a todos aqueles que realmente têm o desejo de unidade, seja possível permanecer nesta unidade ou reencontrá-la novamente... Abramos generosamente o nosso coração...'."

O Cardeal Ratzinger tinha sido protagonista nas relações com Dom Lefèbvre em 1988, e já naquele tempo havia procurado fazer todo o possível para servir à união da Igreja. Naquele momento isso não tinha sido suficiente – continua Pe. Lombardi – e as consagrações episcopais de 30 de junho daquele ano, feitas sem mandato pontifício, haviam criado uma situação de grave fratura. Mas a Comissão Ecclesia Dei, constituída por João Paulo II naquela circunstância, trabalhou com paciência para conservar abertos os caminhos do diálogo, e diversas comunidades de diferentes modos ligadas ao movimento lefèbvriano já puderam, ao longo dos anos, voltar à plena comunhão com a Igreja católica.

A Fraternidade Sacerdotal São Pio X, com quatro bispos, permanecia em todo caso a comunidade mais importante com a qual restabelecer a comunhão. Bento XVI manifestou de modo indubitável o seu compromisso a fazer todo o possível para alcançar esse objetivo. Recordamos naturalmente, em primeiro lugar, o Motu Proprio Summorum Pontificum sobre o rito para a celebração da missa, mas podemos também recordar o documento da Congregação para a Doutrina da Fé que esclarecia alguns pontos discutidos pela doutrina eclesiológica do Concílio Vaticano II, como alguns grandes pronunciamentos sobre a correta hermenêutica do próprio Concílio, em continuidade com a tradição. Tudo isso criou, naturalmente, um clima favorável, no qual os bispos da Fraternidade São Pio X pediram a remissão da excomunhão atestando explicitamente a sua vontade de estar na Igreja católica romana e de acreditar firmemente no Primado de Pedro.

É belo que a remissão da excomunhão se dê na iminência do 50º aniversário do anúncio do Concílio Vaticano II, de modo que este evento fundamental possa agora não mais ser considerado ocasião de tensão, mas de comunhão. O texto do decreto evidencia que se está ainda em caminho rumo à plena comunhão, da qual o Santo Padre auspicia a solícita realização. Por exemplo, aspectos como o status da Fraternidade e dos sacerdotes que a ela pertencem não são definidos no decreto hoje publicado. Mas a oração da Igreja é feita em uníssono com o papa, para que toda dificuldade seja em breve superada e se possa falar de comunhão em sentido pleno e sem nenhuma incerteza – conclui o Pe. Lombardi.







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