2009-01-22 18:20:42

CRISTÃOS PAQUISTANESES LUTAM CONTRA DISCRIMINAÇÃO


Islamabad, 22 jan (RV) – Os cristãos no Paquistão – a minoria religiosa mais significativa do país – recebem com esperança e ceticismo, as promessas do atual governo "secular", de melhorar suas condições de pobreza e marginalização social, nessa república islâmica do sul da Ásia.

Dois a três milhões de cristãos vivem oficialmente num Estado de mais de 165 milhões de habitantes que, em 1947, foi criado como "lar" para os muçulmanos do subcontinente indiano, ao término de uma sangrenta luta que obrigou milhões de hinduístas e sikhs a abandonarem o território hoje paquistanês e a emigrarem para a Índia.

Os cristãos que optaram por permanecer em suas casas, vivem hoje discriminados, numa nação em que os muçulmanos representam apenas 3,5% do total da população, de acordo com o último censo, que remonta a 1998.

"Este governo está comprometido com os direitos das minorias" – assegurou, em entrevista à agência espanhola de notícias EFE, o ministro das Minorias, Shahbaz Bhatti, o primeiro católico e não muçulmano a ocupar esse cargo, em toda a história do país. Ele foi nomeado em novembro do ano passado e, desde então, tem lutado para reverter a situação, reivindicando o estabelecimento de uma cota de 5% para todas as minorias religiosas, no Senado e na administração do país.

"O governo (do Partido Popular) está trabalhando bem e o ministro que nos representa tem boa vontade" – disse à EFE, o bispo de Islamabad-Rawalpindi, Dom Anthony Theodore Lobo, comentando que "Bhatti tem ainda muito trabalho diante de si, pois a situação não é fácil".

Segundo o prelado, os cristãos no Paquistão – repartidos igualmente entre católicos e protestantes – "vivem na periferia, em condições de extrema pobreza, sem facilidade de acesso a trabalhos dignos; para sobreviver, executam trabalhos de limpeza, de serventes e motoristas, entre outros" – sublinha o bispo.

"Não existem cristãos ricos no Paquistão. Quase todos são descendentes dos párias, dos intocáveis − os chamados "dalits"; no sistema indiano de castas, eles são considerados "fora das castas". Eram os únicos que podiam se converter. E existem poucos casos de muçulmanos convertidos ao Cristianismo" – acrescentou Dom Anthony Theodore Lobo.

Algumas fontes religiosas afirmam que no Paquistão poderia haver até mesmo 10 milhões de cristãos. Alguns povoados, sobretudo na província oriental de Punjab, seriam habitados exclusivamente por cristãos. Mas tanto Dom Lobo quanto o Ministro Bhatti acreditam que tais estimativas sejam exageradas. Ambos negaram que haja irregularidades no sistema eleitoral paquistanês, que impeçam os cristãos de exercerem seu direito de voto, embora numerosos cristãos tenham dito à agência EFE que nem todos os seus familiares puderam votar, não obstante tivessem seus documentos em dia. (AF)







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