Secretário Geral da ONU visita a Faixa de Gaza; Presidente palestiniano apelo a governo
de unidade nacional
(20/1/2009) À medida que os tanques israelitas vão abandonando posições na Faixa
de Gaza - onde continua refém, desde 2006, o soldado Gilad Shalit -, vão sendo conhecidos
de forma mais evidente os danos provocados pela campanha militar de 22 dias contra
o pequeno território palestiniano encravado entre Israel e o Mediterrâno. O secretário-geral
da ONU, Ban Ki-moon, deve visitar hoje a Faixa de Gaza onde - teme a Organização Mundial
de Saúde - as condições são ideais para o surgir de doenças.
John Ging, director
da agência da ONU que apoia os refugiados palestinianos, revelou ontem que meio milhão
de pessoas na Faixa de Gaza não têm acesso a água desde o início do conflito e que
um número significativo continua sem ter electricidade. Ainda segundo fontes da ONU
e do Gabinete Central de Estatística palestiniano, os bombardeamentos israelitas destruíram
mais de quatro mil edifícios e danificaram severamente outros 20 mil. Vários mil milhões
de euros irão ser necessários para reconstruir as infra-estruturas da Faixa de Gaza
mas a UE, que tem sido o maior doador de fundos para os palestinianos, já indiciou
que enquanto o Hamas se mantiver no poder os fundos não serão libertados. A não ser
que seja constituído um governo de unidade nacional. Israel também já afirmou que
ficará atento à reconstrução de Gaza. Curiosamente, o presidente palestiniano,
Mahmud Abbas, ao discursar ontem na cimeira árabe no Koweit, considerou ser necessário
"um governo de união nacional para preparar as eleições legislativas e presidenciais
na Cisjordânia e na Faixa de Gaza". Esta cimeira serviu também para tentar sarar as
fissuras entre países árabes, que a crise em Gaza aprofundou. Sob o olhar atento dos
responsáveis do Koweit, Jordânia e Bahrein, a Síria e o Qatar procuraram ultrapassar
o seu diferendo com o Egipto e Arábia Saudita.