Jornada Mundial dos doentes de lepra: mensagem do Conselho pontifício para a pastoral
da saúde
(20/1/2009) A celebração anual da “Jornada Mundial dos Doentes de Lepra” é um grande
encontro de solidariedade com os irmãos e irmãs afectados pela Doença de Hansen, uma
doença frequentemente ignorada pelos meios de comunicação que, a cada ano, afecta
no mundo mais de 250.000 pessoas, sendo na maior parte dos casos pessoas que vivem
em condições de indigência. Segundo as estatísticas da “Organização Mundial da
Saúde” no ano 2007 foram registados 254.525 novos casos de lepra e 212.802 casos de
lepra em tratamento. Infelizmente nem as crianças são poupadas desta doença. Segundo
as estimativas da AIFO, – a “Associação Italiana Amigos de Raoul Follereau” -, “cada
ano são 40.000 crianças com lepra no mundo, e cerca de 12% do casos novos são em crianças
menores de 15 anos”. Neste ano em que se celebra o “XX Aniversario da Convenção
dos Direitos da Criança”, e recordando a predilecção de Cristo Jesus por elas “porque
delas é o reino dos Céus” (Mt 19,14), faço um apelo aos responsáveis das organizações
governamentais a fim que na elaboração dos programas e projectos de saúde nos diversos
países, reservem uma atenção especial as crianças doentes de lepra, pois elas correm
o risco de ter um futuro seriamente comprometido pelas consequências negativas acarretadas
pela doença. De esta realidade deriva a urgência que nas Instituições Publicas
seja tutelado “o direito de gozar do melhor estado de saúde possível e de beneficiar-se
dos serviços médicos e de reabilitação”, um direito reconhecido no artigo 24 da “Convenção
sobre os Direitos da Criança”. No aspecto social, infelizmente, persiste o
medo, ainda que infundado, gerado pela ignorância sobre a Doença de Hansen. Este medo
gera sentimentos de exclusão e muitas vezes de grande estigma na relação com os doentes
de lepra, fazendo com que estes se sintam ainda mais vulneráveis. Esta 56ª Jornada
Mundial é então uma ocasião oportuna para oferecer a comunidade uma correcta, abrangente
e capilar informação sobre a lepra, sobre os efeitos devastadores que pode causar
no organismo se não tratada a tempo, sobre os efeitos na família e na sociedade, e
suscitar o dever pessoal e colectivo de uma activa solidariedade fraterna. Inspirando-se
no exemplo de Cristo Jesus, Medico do corpo e do espírito, a Igreja sempre teve uma
especial solicitude pelos doentes de lepra. No curso dos séculos se fez presente através
das Congregações de Religiosos e Religiosas, e com Organizações laicas de assistência
voluntaria no sector de saúde, contribuindo de maneira radical a plena integração
social e comunitária dos doentes portadores de hanseniase. O Beato Padre Damião
de Veuster, incansável e exemplar Apostolo dos irmãos e irmãs portadores da Doença
de Hansen, farol de Fé e de Amor, é símbolo de todos os Consagrados a Cristo com Votos
Religiosos que ainda hoje dedicam a própria vida a estes nossos irmãos, colocando
a disposição todos os recursos para o bem-estar integral deles em todas as partes
do mundo. Estes, junto com o Beato Damião, estão escrevendo as paginas mais belas
da Historia Missionária da Igreja, inseparavelmente ligada a Evangelização e aos cuidados
dos doentes, anunciando que a Redenção de Cristo Jesus, e a Graça salvífica, atingem
todo o Homem na sua condição humana para associá-lo a sua Gloriosa Ressurreição. Junto
a esse tantos voluntários, também homens de boa vontade se solidarizam organizando
concretamente a solidariedade, colocando a disposição meios e recursos financeiros
aos Institutos de Pesquisa para o tratamento sempre mais eficaz da Doença de Hansen. O
mundo leigo católico tem como seu modelo a Raoul Follereau, idealizador e promotor
desta “Jornada Mundial”, que continua a sua benéfica acção através da “Associação
dos Amigos” dedicada a ele. A ele e a quantos lhe seguem no tempo dirigimos o nosso
aplauso particular e a nossa gratidão por tantas iniciativas promovidas, com o objectivo
de ter sempre vida a atenção aos doentes de Hansen, sensibilizando a opinião publica
e suscitando o comprometimento de outros na promoção de programas e na arrecadação
de recursos financeiros. È belo e consolador constatar que nesta luta contra a
Doença de Hansen estão presentes também Associações e Organizações não Governamentais
que vão mais alem do vinculo religioso, ideológico ou cultural, encontrando-se todas
na comum finalidade de portar a quem esta doente a oportunidade de reencontrar um
estado de bem-estar social, sanitário, espiritual. Em particular a “Sasakawa Foundation”
vai o nosso reconhecimento pela contribuição inestimável que da décadas esta dando
a causa, sustentando financeiramente as Instituições da Comunidade Internacional na
pesquisa no campo terapêutico. Encorajo a “Sasakawa Foundation” a prosseguir com
determinação, para que aos resultados positivos já obtidos sejam somados outros,
ainda mais eficazes, para o bem dos doentes de Lepra e das suas famílias. Aos doentes
de Hansen, aos missionários Religiosos e Religiosas que trabalham neste sector, e
aos Profissionais de saúde e Assistentes sociais que se dedicam a eles, exprimo a
proximidade deste Pontifício Conselho para a Pastoral da saúde, que exprime a solicitude
e proximidade da Igreja aos doentes e a quantos se dedicam a eles. A Imaculada
Mãe de Deus, “Salus Infirmorum”, interceda junto ao seu Filho Jesus “Medico de corpos
e de almas”pela saúde global dos doentes de Lepra, e a quantos se dedicam a eles conceda
um espírito materno.